Sou testemunha do caos aéreo

Quinta-feira, 3 de janeiro de 2013, Aeroporto Internacional do Galeão (ou Antonio Carlos Jobim, coitado dele).
Chegamos com uma hora de antecedência, como convém.
É um início de noite abafado, só a chuva ameniza em parte o calor. O taxista que nos leva ao aeroporto queixa-se de todos os males do mundo. Muito diferente da maioria dos cariocas.
Vôo 5742, da Gol, Rio de Janeiro-Porto Alegre, direto, saída às 21h22m, chegada na capital gaúcha pouco mais de duas horas depois.
A atendente do check-in informa que vamos viajar em outro voo, o 7466. É internacional, Rio-Buenos Aires, escala em Porto Alegre.
Minha mulher espera que o atendimento a bordo seja melhor que o usual, já que se trata de voo internacional.
E está no horário.
Às 20h45m, um aviso pelo alto-falante – o som é péssimo – informa que o avião do nosso voo vai pousar às 21 horas. É a única informação ouvida naquela noite.

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No painel de partidas do aeroporto, surge um aviso protocolar sobre o voo 7466: atrasado.
O ar condicionado do saguão de embarque está com problemas, o calor é absurdo. Há filas nos banheiros, crianças impacientes e turistas de outros países deitados pelo chão. Um caos.
Trato de cancelar compromissos da manhã seguinte.
E começam a pipocar informações desencontradas, obtidas por passageiros junto a funcionários do aeroporto: o avião foi desviado para Vitória (ES), por culpa do mau tempo e a companhia está providenciando uma aeronave emergencial; vai ser fornecido vaucher para um jantar; o vôo está prevista para 23 horas.
Às 23 horas, um passageiro sai em busca de informações e volta para avisar: subindo a escada rolante, à direita, há um funcionário da Gol distribuindo vauchers.
Ele, o funcionário, pede os bilhetes, confere o nome na lista de passageiros e autoriza a atendente da lancheria a fornecer as opções: pão de queijo, misto quente ou hamburger, acompanhado de refrigerante. É o jantar.

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Cinco minutos antes da meia-noite, uma correria no portão 8, indicado para o nosso embarque. Sem qualquer aviso, uma funcionária da Gol abre as portas e um passageiro vai gritando para o outro: – É o voo para Porto Alegre.
Meia hora depois, todos a bordo, cintos atados, o comandante avisa que falta “autorização do controle de Curitiba”.
Os comissários de bordo procuram distrair os passageiros distribuindo-lhes água e amendoim.
À uma hora da madrugada o avião decola.
Passadas duas horas e meia, chegamos a Porto Alegre. Ao mesmo tempo, aterrissa outro avião, voo da TAM.
Claro, não há táxis. E forma-se uma enorme fila na parte externa do aeroporto.
Às quatro horas e meia da madrugada, finalmente, conseguimos um taxi.
Ele desliza pelas ruas desertas de Porto Alegre.
Estamos exaustos, esfomeados e aturdidos com o caos da aviação brasileira.

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