A VITÓRIA DA BANDIDAGEM

A manchete principal do Correio do Povo de domingo passado retrata a realidade brasileira de nossos presídios: “País perde guerra contra celular nas prisões”. Se o país perdeu é por que a bandidagem venceu como vem vencendo todos os embates criminosos com a sociedade. A legislação penal foi derrotada faz muito tempo. Ela é tão sinuosa que parece o Rio Paraguai cortando o Pantanal Mato-Grossense. Só navega nele quem conhece aqueles igarapés misteriosos que se entrelaçam com outros e mais outros e sem um peloteiro no comando de uma lancha qualquer pessoa jamais voltaria à civilização. Assim é a nossa legislação encarregada de retirar da sociedade os bandidos e os maus elementos, mas como no Rio Paraguai, os peloteiros são eles, os criminosos. Do jeito que se comportam e tramam seus crimes contra nós, o domínio dos igarapés está em suas mãos. O caso trazido aos leitores pelo Correio do Povo sobre os celulares nos presídios é o atestado final da falência múltipla da lei diante da bandidagem. Só no RS foram apreendidos até novembro de 2012, “mais de sete mil aparelhos”, numa evidência cristalina do fortalecimento das organizações criminosas nos presídios. O Ministério da Justiça garante que desde 2009 foram aplicados R$ 16,9 milhões em kits básicos com detectores de metais e equipamentos de raio X e enviados a presídios em 20 estados. Pelo visto, o investimento foi para o ralo, pois os celulares continuaram entrando por caminhos paralelos para os presídios brasileiros. E sabem por que o fluxo de abastecimento de celulares continua funcionando a pleno em todos os presídios do país? Por que além de a segurança ser um queijo suíço, algumas pessoas que ingressam nas casas prisionais não são revistadas. Não se diga que elas são as “mulas” que trazem celulares para os bandidos, mas aí caberia um silogismo óbvio. Nem todas as pessoas que entram nos presídios trazem celulares escondidos sem passar pela filtragem eletrônica, mas todo o aparelho que está em poder dos presos burlou a segurança das casas prisionais. Muitas vezes pela porta da frente.

DEBOCHE

A Tv Record mostrou, nesta semana, a impunidade plena do uso do celular. Imagens registraram um preso caminhando no pátio de tomar sol e conversando ao telefone. Sem ser importunado.

TRANQUILIDADE

O crime organizado está com o burro amarrado na sombra. Verdadeiros “escritórios” montados nos presídios comandam de dentro dos presídios as ações criminosas. Nossas penitenciárias de segurança máxima jamais impediram o uso de celulares por parte dos chefões que cumprem suas penas.

O MODELO

Os EUA têm o maior número de pessoas presas no mundo. São 2.293.157 apenados confinados em 8.700 presídios. Mas não há registros de telefones celulares apreendidos entre a população carcerária. Não seria o caso de nossas autoridades tomarem algumas aulas de como se evitar o ingresso de aparelhos nas nossas casas prisionais?

COMPARANDO

As celas de qualquer presídio nos EUA não chegam a ser um quarto de hotel estrelado, mas oito presos naqueles espaços já configuram superlotação. O padrão de cela nos presídios americanos tem 2m30 por 1m80, camas de metal, pia e vaso sanitário. Com tais dimensões são celas para dois apenados. Melhor não comparar com o Brasil…

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