Comunicabilidade?

Um acidente, felizmente, sem proporções fatais, registrado ontem na rodovia BR-158 trouxe à tona, entre vários outros elementos, uma questão que é tema constante de reclamações e, mais do que isso, normalmente é lembrada quando as pessoas percebem que estão isoladas. O acidente na região da Conceição registrou uma situação de temor significativa, pois não havia informação disponível do local, a fim de abastecer os meios de comunicação, comprovando que não há preparo para o fornecimento da informação por parte de alguns entes e, pior ainda, a comunicabilidade é uma carência.
Em tempos modernos, quando os satélites poluem a órbita em torno da terra, quando o homem envia sondas a Marte, imagine o leitor que não é possível falar, via telefone, entre o centro de Sant’Ana do Livramento e 70 quilômetros adiante, na região da Conceição. Celular, necas! Pior ainda, o alcance do rádio do Corpo de Bombeiros ultrapassou seu limite e não havia contato entre a guarnição da ambulância que havia sido deslocada para atender a ocorrência e a base.
Resultado, sem informações. Pasme o cidadão. Nos tempos em que discutem realidade virtual e holografia para games destinados ao entretenimento infantil, quando falam em 4G de internet, cá no rincão não é possível fazer uma ligação para saber o que ocorreu com as vítimas de um capotamento, pois não há antenas, esvazia-se o sinal das operadoras de celular.
O susto passa a ser apreensão e esta leva à precipitação. Felizmente, por obra de um criador único – no qual depositam fé os seres humanos, respeitando suas convicções religiosas – não ocorreram ferimentos graves e nem mortes.
Mas fica martelando na cabeça da pessoa. Comunicabilidade. Possibilidade de haver comunicação com o que mais modernamente a tecnologia oferece. Isso é negado pelo sistema aos cidadãos, pois não há alcance, não há torres, não há sinal.
Enquanto havia uma tremenda dificuldade por parte, inclusive, da reportagem de A Plateia e RCC FM para a obtenção da listagem com os nomes dos passageiros, pois na Secretaria da Saúde (no número geral e no gabinete) após as 13h30, o telefone tocava sem resposta, vez que o expediente já havia terminado; na Santa Casa de Misericórdia, quem buscava informação era passado de um ramal para outro e ninguém tinha detalhes para informar; os bombeiros, conforme já especificado, não tinham contato; a Polícia Rodoviária Federal aguardava que a viatura deslocada ao local do acidente se reportasse. E aqui não há crítica, mas sim pura e simples constatação: não há preparo para o fornecimento de informações fidedignas e precisas quando há necessidade delas de forma urgente e imediata.
Por que os veículos de comunicação querem saber?
Qual o motivo para que repórteres, jornalistas, radialistas, fotógrafos quererem dados, detalhes, fotos, imagens?
Querem divulgar o negativo, preferem as tragédias; só divulgam o que é ruim para a cidade?
Não. Nada disso. Quem pensa assim pensa muito equivocadamente. Tais profissionais estão simplesmente fazendo seu trabalho, como A Plateia fez ontem no facebook, repassando de forma praticamente instantânea todo o detalhe confirmado captado.
Imagine a situação. Assim como as gotas da chuva que molharam a pista e foram determinantes para causar o acidente, choviam telefonemas para a Redação do Jornal e para a rádio RCC FM, pois as pessoas queriam saber quem estava na van, se eram parentes, amigos, vizinhos, familiares que foram consultar. Enfim…
Não é para divulgar o negativo; não há qualquer preferência por tragédias, jornalismo divulga tudo, com ética e profissionalismo.
Jornalista, radialista, fotógrafo, repórter… Eles não fazem a notícia. Não geram os fatos. Apenas os buscam para, em cada caso, tornarem-nos públicos da forma como ocorreram. Apenas isso. É isso comunicar, comunicação, comunicabilidade. Tentativa pelo menos.

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