Às ordens, consumidor

É de fazer pensar, no mínimo, o movimento aparentemente aquém do esperado, registrado ontem, no comércio de Livramento, liberado para abrir suas portas normalmente, mediante um acordo entre os sindicatos do Comércio e dos empregados. É bem certo que foram poucos os estabelecimentos que funcionaram na ante-véspera do Natal, tanto para aproveitar a significativa presença de turistas, quanto para proporcionar aos consumidores que deixaram para fazer as compras de Natal na última hora, um pouco mais de tranquilidade na escolha dos presentes. O número reduzido de estabelecimentos que trabalharam demonstra que a abertura do comércio nos fins de semana não chega a ser uma alternativa   condicionante para o sucesso da atividade. Mesmo assim, é uma condição defendida entusiasticamente pelas entidades representativas do setor – não a abertura, em si, mas sim o direito de abrir para atender a demanda oscilante de consumo, a exemplo principalmente das datas de maior movimento de turistas. De outro prisma, é importante analisar que muitos trabalhadores lamentaram o fato de que os estabelecimentos onde atuam não tenha aberto suas portas neste domingo. Perdem a chance de reforçar o orçamento, e têm consciência disso. Em contrapartida, diversos outros empregados do comércio se queixam de ter de trabalhar em razão de que, em muitos casos, não conseguem receber a pecúnia extra merecida por isso. É um problema grave para o órgão fiscalizador as reclamações sobre empresas que, sob a ameaça de sanção, supostamente obrigariam seus funcionários a trabalharem além da carga horária contratada, sem pagar por isso a justa remuneração. Dois lados de um mesmo problema, tornando-se ambos impeditivos para um entendimento definitivo entre os sindicatos das duas categorias quanto a uma condição que é básica para uma cidade que pretende desenvolver seu setor turístico. Quem faz turismo em férias, principalmente, quer tranquilidade, quer descompromisso com o relógio, e isso significa sair da rotina do horário sem abrir mão, contudo, do conforto que o dinheiro pode pagar – inclusive a possibilidade de adquirir produtos, os mais variados, sem precisar obedecer o horário de abertura e/ou fechamento dos estabelecimentos que os fornecem. Assim, o funcionamento do comércio aos domingos e feriados – e até mesmo à noite, como acontece em alguns reconhecidos pontos de destino turístico pelo mundo todo. Como se vê, a questão do horário de funcionamento do comércio é item que transcende o aspecto das relações de trabalho, embora dependa diretamente do atendimento aos interesses das duas classes profissionais envolvidas, de empregados e empregadores, muito mais do que do público-alvo, que são os consumidores. Mas qualquer projeto de desenvolvimento turístico que se preze e que venha a ser construído para Sant’Ana do Livramento deverá, com toda certeza, observar esse aspecto. Talvez o entendimento venha a ocorrer como resultado do comportamento mercadológico: autorizadas a abrir, as lojas poderão descobrir que o consumidor precisa delas; estes, por sua vez, descobrir que têm à sua disposição um comércio eficiente, o que aumentará o movimento. Com isso, ganham todos.

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