Responsabilidade cidadã

Dois atos marcaram a manhã de sábado. Em um deles, o município, a comunidade – tradicionalista ou não – de Sant’Ana do Livramento começa a saldar uma dívida histórica com um de seus filhos mais ilustres. No outro, a emotividade que a solidariedade inspira na campanha Natal da Gurizada, da RCC FM e A Plateia. Dois eventos completamente diferentes, mas com uma linha mestra igual: responsabilidade social.

O mundo de Paixão Côrtes, santanense que capitaneou um movimento de bota e bombacha que valorizou o sentimento do gauchismo, é marcado pela responsabilidade social de valorização do processo educacional, do conhecimento, das pessoas, das relações harmônicas que os princípios éticos e morais estabelecem. Um mundo, infelizmente, diferente do agora, que ficou no passado, mas precisa ser resgatado. A responsabilidade por esse resgate é de todos. Esse mundo, dos antigos, dos que reverteram a condição pejorativa que a sociedade dos anos 40 tinha do homem da campanha, do cidadão interiorano, bradando para o mundo que é justamente esse taura quem, com trabalho digno, move o cotidiano dos urbanos; estabelece uma realidade muito clara de resgate dos valores e preceitos que fazem parte da formação idônea do caráter, dos princípios básicos de convivência entre os seres da própria sociedade. Mundo também de emotividade que faz com que o gaúcho volte-se para a essência do que é ter nascido no Rio Grande do Sul. Nenhum outro estado da federação tem essa condição que pouco se sabe explicar, mas que muito faz parte do pensamento e do coração. Foi talvez essa emoção a principal responsável – olha a responsabilidade, de novo – pelo ato de chamar a parceria do Julinho e devolver o Rio Grande à sua raiz naquele 1947. Paixão é o responsável por isso.

Assim, fica evidenciado, não fosse ele, talvez a tradição do Rio Grande, como a conhecemos hoje, não existisse. Não fosse por Livramento, pelo Cerro Chato, que forjou Paixão, esse mundo não seria, a bombacha teria ficado no passado, o tilintar das esporas ecoaria no tempo e o tapear do chapéu estaria no ostracismo.

A responsabilidade falou mais alto, responsabilidade social, para com sua essência naquele 47. Continua falando.

Da mesma forma, a responsabilidade social do fazer pelos que não têm condições de fazer, foi o norte referencial da ação protagonizada pela RCC FM e A Plateia na manhã de sábado. Campanhas são comuns e importantes, devem ser realizadas por todos quantos sintam o entendimento de fazê-las. De uma ou outra forma.

Nesse mundo, o objetivo era simples – e pena que os seres humanos tem a determinação de complicar tudo – proporcionar uma divisão social, um compartilhamento de responsabilidade que alerta: sim! Somos todos responsáveis pelos que nos cercam, não no sentido físico, mas no resgate, também, da emotividade. No buscar de alternativas para a redução efetiva das diferenças sociais.

Responsabilidade de buscar prover a partir da mobilização de outrem em favor de outrem, dentro de uma lógica de busca expressiva do que há de mais valoroso dentro das pessoas e que elas esquecem: a possibilidade de se importar com os outros. Esse, também um princípio, uma condição moral, proveniente lá do mundo antigo. Do tempo do Paixão.

A campanha Natal da Gurizada surpreendeu com seus mais de 3.000 itens arrecadados, mas não surpreendeu pelo senso de responsabilidade que os santanenses – natos ou de coração – têm.

Responsabilidade essa que é, sim, compartilhada.

O Paixão é a prova viva disso.

Não fosse por ele, talvez os princípios que norteiam a compreensão dessa responsabilidade não estivessem presentes no hoje, no agora, permitindo-se a propagação para todos desse pensamento.

 

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