Após temporal, é hora de recolher os destroços

Depois de chuva e ventos no fim da tarde de domingo, trabalho é intenso em diversos pontos da cidade

A exemplo da semana passada, o temporal ocorrido no fim da tarde de ontem deixou bastantes estragos em todo o Estado. Felizmente, em Sant’Ana do Livramento os danos foram somente materiais, com casas destelhadas e muitas árvores caídas entre os fios e nas ruas. Na manhã de ontem, a reportagem de A Plateia fez um giro por alguns bairros da cidade e moradores mostraram o cenário deste início de semana. 

Residindo próximo à Unidade Básica de Saúde do bairro Wilson, também afetado pelo temporal, Solange Rodrigues levou um susto quando uma parte da grande árvore localizada em seu pátio quebrou e caiu no Beco Frontino da Rosa, impedindo a passagem de carros e pedestres pela viela. “Há anos eu venho pedindo o corte dessa árvore, mas a prefeitura e os bombeiros fazem um jogo de empurra-empurra”, reclamou a moradora.

 

 

 

Jaime Gonzalez teve uma surpresa no domingo: seu fusca estava estacionado embaixo de uma árvore próxima à sua casa. Não aguentando a velocidade dos ventos, a árvore tombou no meio da rua, deixando o fusca de Jaime coberto pelos galhos. “Quando eu vi pensei: ‘se foi o meu fusca’, mas, felizmente, ele não teve um arranhão”, comemorou após o susto. Até a tarde de ontem, a árvore não havia sido retirada da rua, que estava interditada com faixa amarela, atitude tomada, segundo Jaime, pelo Corpo de Bombeiros. 

 

 

 

Renato Mello deu graças por ter tido somente danos materiais em sua residência. O telhado da área da frente de sua residência se soltou e caiu em um córrego próximo à residência. “Não dá nem pra calcular o tamanho do estrago, mas a sensação é de perda total. Graças a Deus o dano foi somente material”, afirmou. Após perceber o dano, Renato protegeu o telhado de sua residência com uma lona.

 

 

 

Escolas também sofreram danos 

Instituições de ensino não ficaram ilesas à ação dos ventos e chuvas

Diretora do General Neto afirmou que já havia solicitado o corte da árvore anteriormente

“A árvore precisou cair para que alguém viesse cortá-la”. Essa foi a afirmação de Áurea Maria Vargas Guedes, diretora da Escola General Neto, quando avistou durante a tarde de ontem a equipe da AES Sul recolhendo os galhos quebrados de uma antiga árvore da escola. “Eu cansei de pedir para vários órgãos fazerem o corte, mas ninguém vem. Essa árvore caiu e não foi por falta de aviso”, destacou. Áurea ficou sabendo da queda da árvore, que acabou danificando o muro lateral da escola, através das informações passadas pelos repórteres da RCC FM, que relatavam ao vivo, momentos após o temporal, os estragos pela cidade.

Telhado da Escola Célia Irulegui foi arrancado pela força dos ventos

A Escola General Neto ficou às escuras durante todo o dia de ontem, e os alunos que compareceram à instituição para realizar as provas de recuperação tiveram que ocupar as salas mais favorecidas pela luz do dia. “Só não conseguimos emitir boletins, ofícios, nada que tivesse que ser feito no computador. Nem telefone nós temos”, explicou Áurea.

Às 20h30 da noite de domingo, a diretora da Escola Municipal Célia Irulegui, Suzana Harden Neves Leal, foi chamada pelo vigia noturno da escola que, apavorado, avisou que o telhado da instituição havia sido completamente arrancado. “Primeiro, perguntei se ele estava bem e, assim que a chuva amenizou, eu vim pra escola”, contou Suzana.

As salas de aula da escola inundaram rapidamente e a principal preocupação era com a sala de informática, cujos computadores foram cobertos rapidamente na tentativa de que não fossem danificados com a chuva. “Hoje pela manhã (ontem), entramos em contato com a Secretaria de Educação, que prontamente nos enviou uma equipe para que fizessem o conserto no telhado”, relatou a diretora, que afirmou também ainda não ter noção dos eventuais prejuízos que possam ter ocorrido, principalmente com os computadores.

Temporal atrapalhou socorro de moradora 

Os vizinhos de Vera Regina dos Santos Dias, moradora da Rua Salgado Filho, desesperaram-se ontem, quando, durante o temporal, encontraram-na caída no chão de sua residência, desacordada e com a porta da frente trancada “a sete chaves”. Sem saber até agora o que realmente ocorreu com Vera, os vizinhos se mobilizaram para que o socorro viesse o mais rápido possível. “Não sabíamos o que fazer, quando vimos o carro do jornal A Plateia e RCC FM passando aqui na frente e pedimos ajuda”, afirmou Sonia Rolim, vizinha de Vera. O repórter Marcelo Pinto ouviu os relatos do fato e, ao vivo, chamou os familiares da moradora e, inclusive, pessoas desconhecidas apareceram para tentar ajudar. “Agradecemos a solidariedade das pessoas que vieram prestar apoio e se oferecer para ajudar”, disse a professora Marília Soares, uma das vizinhas de Vera. Vera Regina dos Santos Dias foi atendida pela equipe do SAMU e hospitalizada. Segundo informações da Santa Casa de Misericórdia, ela está internada no CTI e seu estado de saúde inspira cuidados.

 

“Após o temporal, foram 81 chamados”, diz comandante dos Bombeiros

A AES Sul mobilizou mais de 100 homens para resolver os problemas de falta de energia elétrica aos 10.000 clientes que foram atingidos pelo temporal

Entre as ocorrências, os destelhamentos superaram o número de postes caídos

Foram apenas quinze minutos de muita chuva e ventos, que chegaram a atingir os 117 km/h, mas o suficiente para deixar em pânico a população que viu de perto a força de um fenômeno da natureza. Pelas ruas, ainda na madrugada de segunda-feira, poucas horas depois do temporal, apenas o silêncio fazia eco nos pontos mais atingidos da cidade. Incrivelmente, o céu limpo fazia ficar incrédulos aqueles que instantes antes viram árvores com mais de quinze metros de altura tombarem como papel, postes ficarem jogados sobre as ruas e as coberturas de casas serem retiradas com extrema facilidade pela força dos ventos.

Ontem à tarde, passadas algumas horas de um dos mais severos temporais da história fronteiriça, 111 homens da AES Sul ainda trabalhavam para restabelecer a energia elétrica aos cerca de 10.000 consumidores que ficaram às escuras, e cinco equipes do Corpo de Bombeiros ainda percorriam a cidade. De acordo com o Major Burgel, comandante do 10° CRB – Comando Regional de Bombeiros em Livramento, durante o temporal, foram registradas 81 ocorrências de pessoas relatando os mais variados fatos e pedindo ajuda em situações de risco considerado extremo. “Somente ontem, horas depois do temporal, ainda registramos 24 novos atendimentos em Livramento. Tivemos, lamentavelmente, durante o temporal, muitas ocorrências que não foram atendidas, em função do espaço de tempo muito curto entre uma e outra, e da quantidade de chamados que surgiram durante a noite, mas procuramos atender ao maior número possível de pessoas”, relatou o Major. Ainda de acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, não houve o registro de nenhum ferido em Livramento. “Pelo menos não chegou nada deste tipo até o nosso conhecimento. Cabe salientar que esse temporal não teve nenhum alerta e todos os que chegaram foram em cima da hora. Na semana passada, tínhamos um alerta máximo para Sant’Ana do Livramento, nos preparamos e a ocorrência acabou se dando em Rosário do Sul e outras cidades do Estado, incluindo a região metropolitana. Naquela oportunidade, foi muito pouco. Mas ontem atingiu em cheio Quaraí, Livramento e Dom Pedrito. Acredito que vamos levar mais uns dois dias nessa espécie de rescaldo até voltar à normalidade”, frisou o major Burgel.

Comunicação 

O comandante do 10° CRB disse ainda haver a necessidade de melhorar a fluência na comunicação com outros órgãos, para que o atendimento à comunidade, em ocorrências deste tipo, se dê de forma mais rápida. “Tivemos alguns chamados para atender ocorrências relacionadas à rede elétrica e nada pudemos fazer, porque essa não é a nossa área. Em alguns casos, chegamos sem a companhia dos homens da AES Sul, embora eu saiba que todos eles trabalharam incansavelmente e também com muitas equipes para dar a melhor resposta possível à comunidade. Vamos melhorar neste aspecto”, finalizou o comandante. 

AES SUL 

Árvores caídas sobre a rede elétrica foram os maiores problemas enfrentados pelos santanenses depois do temporal que atingiu a cidade na noite da última domingo

“Estamos fazendo a recuperação da zona urbana, onde algumas áreas foram bastante danificadas. Neste momento, são dez caminhões trabalhando e 19 equipes formadas para atender toda a demanda que se apresentou depois do temporal”. A afirmação foi feita no fim da tarde de ontem, pelo coordenador operacional da AES Sul em Sant’Ana do Livramento, Robert Dos Santos.

Por telefone, Robert disse que os 70 homens que atuam em Livramento receberam auxílio de um significativo contingente, que veio ainda na madrugada de segunda-feira às pressas de outras cidades do Estado que não haviam sido atingidas pelo temporal. “No pico dos problemas, foram mais de 10.000 clientes sem energia elétrica. Hoje, por volta das 15h40, tínhamos 3.800 clientes ainda sem o serviço, sendo que a grande maioria da área rural. Assim, a nossa expectativa é encerrar ainda na madrugada a zona urbana, e amanhã começar a solucionar os problemas na área rural. Acredito que amanhã vamos reduzir significativamente as ocorrências e depois vamos apenas aparar o que faltar. Como o temporal ocorreu no domingo, recebemos quatro caminhões de Santiago para nos ajudar, o que faz com que possamos ter boas possibilidades de atender com rapidez e presteza a nossa comunidade”, frisou ele.

Segundo o coordenador operacional da AES Sul, o principal problema registrado em Livramento foi a presença de árvores e galhos muito próximos da rede. “O maior dano que percebemos foi o de galhos que caíram sobre a rede elétrica e partiram os fios. Não chegamos a ter uma quantidade tão grande de postes caídos, mas sim de fios arrebentados. Em alguns casos, nós até fazemos a poda, mas esta é apenas de controle da vegetação para não ficar em contato. Em alguns casos, teria que ser feita a remoção das árvores, mas isso não temos como resolver”, disse ele, ao lembrar que para esse tipo de temporal, a poda não resolve, porque a árvore é muito maior que a rede e sugere que seja feita a arborização adequada para a zona urbana. “Tivemos muitos casos com as chamadas Tipuanas Tipu, que não são adequadas”, disse ele, frisando que o trabalho não para com as equipes se revezando para solucionar rapidamente todos os problemas deixados após o temporal.

Atendimentos feitos pelo Corpo de Bombeiros

52 árvores caídas;
07 alagamentos;
12 destelhamentos;
10 postes caídos.

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