O Paganismo e a Inquisição

Com exceção dos hebreus, quase todos os povos da antigüidade eram considerados pagãos, inclusive os mais desenvolvidos: babilônios, persas, egípcios, gregos e romanos.
Assim como os cristãos foram perseguidos, aprisionados, castigados e assassinados pelos romanos nos primeiros séculos, durante e depois da Idade Média muita gente foi acusada de paganismo e heresia, perseguida e obrigada a abandonar sua casa, seus bens, sua terra natal e seu país de origem para não ser torturada ou morta pelo regime punitivo inquisitorial.
Acusados de paganismo por não adotarem o cristianismo ou não obedecerem as leis e princípios da religião oficial, milhares de indivíduos, entre os quais filósofos e cientistas, foram despojados de seus bens e propriedades; e os que não foram presos, torturados, processados e mortos, foram hostilizados e perseguidos, tendo alguns que fugir, se esconder, emigrar ou se refugiar em outros países.
Isto ocorreu no quinto século da Era Cristã com os seguidores de Nestório, Patriarca de Constantinopla, excomungado em 431 e perseguido pelo bispo Cirilo, o mesmo que, por inveja, havia mandado raptar e assassinar no interior de um templo, no ano de 415, a filósofa grega neoplatônica Hipácia de Alexandria.
Os nestorianos, fugindo de Cirilo, emigraram para a Pérsia, levando preciosos documentos, inclusive de natureza científica, resgatados da biblioteca de Alexandria, que possibilitaram à posteridade o estudo da medicina e de outras ciências.
Depois houve a perseguição e o massacre dos cátaros, que começou em 1209, sendo com esse objetivo oficialmente criada a Inquisição, em 1229, pelo Concílio de Toulouse. Os membros dessa cruzada contra os cátaros tinham como promessa espiritual a remissão de todos os seus pecados e um lugar no céu e como recompensa material, a participação nos saques das cidades invadidas.
Durante a invasão da cidade de Albi, onde viviam os cátaros e católicos albigenses, ao lhe perguntarem seus comandados como poderiam distinguir entre quem era cátaro e quem era católico, o comandante, Abade de Citeaux, teria respondido: “Matem a todos … Deus se encarregará dos seus.”
Em 1307 a Ordem dos Templários, sob a acusação de paganismo e heresia, foi declarada extinta e despojada de todos os seus bens. Seu chefe, Jacques de Molay, depois de ficar encarcerado em condições miseráveis e sendo torturado durante sete anos, foi condenado, em 1314, a morrer na fogueira, quando então profetizou que o rei francês Filipe o Belo e o seu aliado, Papa Clemente V, morreriam brevemente, o que de fato aconteceu.
Dizem que o responsável pela morte de Jacques de Molay e pela condenação da Ordem dos Templários não foi o Papa Clemente V, que os teria absolvido no último instante, mas o rei francês, que contrariando a decisão do papa, mandou extinguir a Ordem e executar o seu Grão-Mestre.
Luciano Machado

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