O Exemplo de Educação dos Selvagens Primitivos

Em casa ou na escola, a educação é uma ciência e uma arte que poucos aprenderam ou dominam. Ela foge da violência e da bondade. Educar é um ato de sabedoria, bom senso e equilíbrio. Teoricamente muitos sabem discorrer e aconselhar sobre este assunto, mas na sua conduta pessoal ou familiar, comunitária ou profissional acabam se contradizendo.
Eu conheci um professor que era um carrasco em casa, com sua mulher e filhos, mas fora de casa era um doce, extremamente educado , no tratar com seus alunos ou com qualquer pessoa.
Não pode haver conflito, discussão, agressão verbal ou física entre um casal e uma criança no meio. Um pai violento e uma mãe condescendente ou vice versa geram traumas, pois a criança, amedrontada, foge à violência de um para se refugiar nos braços ou no colo do outro e mais tarde vai culpar a mãe ou o pai, ou os dois juntos, por não terem sabido educá-la.
Lá pelos séculos dezessete ou dezoito, nossa região era habitada por ‘selvagens’, assim considerados os índios charruas e outros que habitavam estas paragens, por serem primitivos.
Porém mais primitivos eram os colonizadores. Os selvagens possuíam a sua cultura e o seu modo de viver, eram pacíficos, educados e sabiam educar seus filhos sem mimá-los nem amedrontá-los, ensinando-lhes como deviam se comportar em relação à natureza e ao meio ambiente.
Eles não permitiam, por exemplo, que seus filhos maltratassem as plantas ou animais, nem destruíssem os ninhos dos passarinhos.
Os índios viviam da caça e da pesca. E se sacrificavam alguns animais, era pra se alimentarem e não por maldade ou crueldade.
Quando vieram os espanhóis e trouxeram os cavalos e estes se proliferaram e se espalharam em manadas de potros selvagens por aqui, os ‘selvagens’, para capturá-los e amansá-los, não usavam nenhum tipo de violência. Eles os tratavam com muita paciência e benevolência, e assim os atraíam e cativavam ao ponto de se tornarem mansos e obedientes , deixando-se montar e conduzir sem rédeas nem arreios.
E se os charruas, e os índios em geral, foram mostrados pela historia como inimigos ferozes do homem branco, essa ferocidade lhes foi incutida, despertada ou transmitida pelos próprios invasores, que lhes contaminaram em tudo, inclusive em seus costumes e hábitos alimentares.
Por influência dos colonizadores, os índios passaram a revestir suas casas, que antes eram de palha seca , e a se vestirem, com a pele e o couro de animais, e a consumir a carne e o sangue de vacas e cavalos em sua alimentação; e adotaram alguns, esse modo violento de tratar os animais que hoje conhecemos.
Essa forma brutal de lidar com os animais, e de domar cavalos à base de amarras, rebenque, espora, escoriações e chicotadas foi trazida pelos civilizadores e com o tempo virou espetáculo público, onde os assistentes vibram e aplaudem ao verem um animal ser esfolado, espancado, torturado e às vezes até morto.
Nos circos romanos os touros eram iludidos, torturados , cansados e mortalmente feridos diante dos gritos e aplausos da multidão. Na Península Ibérica e nos países de colonização espanhola essa prática continuou.
Aqui felizmente não temos o circo romano nem as touradas, mas temos outras formas legais de violência, tortura e matança de animais.
Porque na assistência desses espetáculos, torcendo contra um animal indefeso, como se ele fosse um inimigo público, estão o povo e as autoridades.
Diante dessa realidade, como pretender que um pai ou mãe eduque um filho sem gritar, sem amedrontar ou sem espancar?
Eu fui criado e educado na base do relho, pois essa era a cultura e a disciplina. Mas eu gostaria de ter sido educado como os nossos índios educavam seus filhos e cavalos, com sabedoria, sem nenhum tipo de violência ou agressividade.

Luciano Machado

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