Somos nós os mequetrefes

Mais um escândalo de proporções explodiu na antessala da Presidência da República. É resultado da chamada Operação Porto Seguro, desencadeada pela Polícia Federal.
Como nenhuma notícia vazou e as primeiras informações foram divulgadas pelos delegados responsáveis, desta vez será difícil atribuir tudo a um conluio da imprensa e do STF, como o fizeram os condenados do “mensalão”.
A propósito, registre-se, desde logo, a reação precisa e imediata da presidente Dilma Rousseff: reuniu-se no último sábado com a Chefe da Casa Civil e o Advogado Geral da União, entre outros assessores, e fez o que precisava ser feito: mandou afastar ou demitir todos os indiciados.
E não é pouca gente e também não são mequetrefes.
Estão no rol de suspeitos nada menos do que o segundo homem na estrutura da Advocacia Geral da União, José Weber Holanda, e a chefe de gabinete do escritório regional da Presidência República em São Paulo, Rosemary Noronha, a Rose.
Ela foi nomeada por Lula e mantida no cargo por Dilma Rousseff a pedido do ex-presidente.
Estão presos dois irmãos indicados por Rose, Rubens e Paulo Vieira, ambos diretores de duas poderosas Agências de Regulação, a ANAC (Agência Nacional de Avião Civil) e a ANA (Agência Nacional de Águas).
As gravações telefônicas e as trocas de e-mails até agora reveladas indicam que havia uma organização arquitetada para a prática de várias ilicitudes, sobressaindo-se a venda de pareceres encomendados para fraudar negócios com órgãos públicos.
À medida que são conhecidos maiores detalhes das investigações, fica-se sabendo que Rose exercia um poder bem maior do que aquele teoricamente atribuído a uma chefe de gabinete. Ela tinha contato direto, por exemplo, com o ex-ministro José Dirceu, a quem assessorou durante 12 anos e que a indicou para o cargo, Foi para ele que Rose fez a primeira ligação, pedindo socorro, quando a Polícia Federal bateu à sua porta, na última sexta-feira.
Ela marcava audiência não apenas para o Presidente da República, mas também junto a outras autoridades do governo.
Viajou mais de duas dezenas de vezes para o exterior, integrando a comitiva do presidente Lula, tinha passaporte diplomático e cartão de crédito corporativo da Presidência da República (aquele cujas despesas são segredo de Estado e não exigem comprovação).
Não é de estranhar que surjam novas revelações ainda mais bombásticas, e sussurra-se nos corredores do poder que há outros implicados no primeiro escalão.
Agora, pelo menos, se tem resposta quando a pergunta é sobre o caos da aviação no país e o que faz a ANAC para controlar e regular o sistema aéreo. O seu diretor está lá para cuidar de negociatas, não para se preocupar com aviões e aeroportos. Muito menos conosco, os passageiros, estes sim tratados como verdadeiros mequetrefes.

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