Posicionamento de vereadores pode ocasionar racha no PTB santanense

Informando ser o presidente municipal da agremiação até 2013, Solimar Charopen nega coligação com o governo Glauber-Edu

PTB no futuro governo: Martins, Tatiane, Camacho,Ana Cristina e Lídio Mendes

O que pode ser o indício de um racha nas fileiras petebistas começou a tomar forma. É a conclusão mais lógica a se chegar a partir do momento em que três fatos marcaram o ambiente político na quarta-feira. O primeiro, a presença dos três vereadores que formarão a bancada do PTB na próxima legislatura no anúncio dos novos secretários do governo Glauber Lima/Edu Olivera. Germano Camacho, presidente do Legislativo, mas essencialmente vereador reeleito pelo partido; Lídio Melado Mendes, líder da bancada petebista e também reeleito pela agremiação, e Tatiane Marfetan, eleita para seu primeiro mandato pelo PTB, estavam ontem, com dois de seus correligionários no evento.

O segundo: dois indicados pelos três legisladores petebistas foram oficialmente anunciados como secretários municipais do futuro governo, respondendo pelas pastas de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana e Serviços Urbanos, respectivamente, Alencastro Feippe Martins e Ana Cristina Rodrigues Asseff. O último fato, no início da tarde: Solimar Charopen, o Ico, a principal liderança do PTB, que concorreu a prefeito e perdeu a eleição para o prefeito eleito, fez uma manifestação, ao mesmo tempo contundente e pontual.

Ico Charopen entrou em contato com a Redação de A Plateia em telefonema. Informou que é o presidente municipal do PTB e disse que não há coligação entre o governo eleito e o partido. Contrariou, inclusive, as palavras de seu líder de bancada na Câmara, Lídio Melado Mendes, o qual, em várias vezes manifestou que o apoio ao governo Glauber-Edu deveria se concretizar, como de fato ocorreu.

Charopen foi enfático ao afirmar que “não há qualquer ligação entre o partido, o qual ele presidirá até março de 2013, e o futuro governo”. E foi além. “Quero deixar bem claro que a coligação não foi feita com o PTB, mas sim com os integrantes da bancada petebista na Câmara de Vereadores. Não houve qualquer reunião em Livramento com a Executiva municipal de meu partido para tratar sobre o assunto. O que aconteceu, sim, foi um encontro entre o deputado Luis Augusto Lara, o vereador Lídio Mendes, eu e outras lideranças estaduais, em que conversamos a respeito da questão. Porém, na ocasião, ficou acertada uma nova reunião para a próxima semana, quando, então, estaríamos definindo nossa posição” – explanou o líder partidário, externando que é totalmente contra a coligação.

“Sou contra. Não vou participar. E quero deixar bem claro que ninguém tem procuração para falar em meu nome. Não vou mais falar sobre o assunto. Respeitem-me. Respeitem minha história como homem público. Não sou guri” – irritou-se Solimar Ico Charopen. 

Coligação 

Ico Charopen fez manifestação contundente ontem à tarde, negando coligação

Existem, segundo os vários dicionários de Língua Portuguesa (Aurélio, Houaiss, Michaelis), várias definições para a palavra coligação. O substantivo feminino é definido como a união de pessoas, partidos, nações, para um objetivo comum, tendo como sinônimos liga, aliança, confederação, associação, assim como, pejorativamente, trama ou conluio.

Eliminando-se as definições negativas, quaisquer das citadas pode definir muito bem o que aconteceu entre os vereadores do PTB e o governo eleito. A questão, agora, é outra. Se Camacho, Melado e Tatiane concorreram pelo PTB, representando o PTB, foram eleitos por essa agremiação, que, segundo dispositivo da legislação e entendimento das mais altas cortes judiciárias do País, é detentora dos mandatos dos três, eles representam o partido ou não? Trata-se de uma questão de interpretação. Quando o presidente argumenta que a “coligação não foi feita com o PTB, mas sim com os integrantes da bancada petebista” acaba trocando as palavras para definir, conceitualmente, a mesma situação. Se foram eleitos pelo partido, o representam, assim como os nomeados – devidamente filiados conforme a lei eleitoral – representam-no em qualquer tempo, até em função da natural chancela da própria Executiva Estadual, confirmada tanto por Germano Camacho, quanto por Lídio Melado Mendes, para não mencionar a chancela política, acolhida a partir das votações que tiveram.

O fato é que a aproximação, o emparceiramento do PTB, representado de forma legítima pelos seus vereadores reeleitos e pela vereadora eleita, está consolidado, sobretudo com o anúncio oficial da participação de integrantes da agremiação política no futuro governo nas secretarias que terão à frente dois de seus filiados, Ana Cristina Aseff e Alencastro Martins.

Quanto a outras questões, a competência e o foro adequado para as discussões, segundo entendimento prévio, é a instância partidária, com o entendimento claro de que o poder do voto é o que define o espaço intra-partidário. Independente de provisória ou estabelecida, a direção do partido tem os instrumentos para promover, internamente, o que entender necessário em relação a seus mandatários. Estes, da mesma forma, têm à disposição ferramentas na mesma linha. 

Cogitações 

Suposições e conjecturas – que fazem parte da política, são diversas – e ontem mesmo, à tarde, já surgiram algumas. Há cenários reais e projeções de possibilidades que podem advir dessa situação. Desde o fim do episódio, agora mesmo, até sua continuidade no ambiente partidário. Solimar Charopen pode consolidar o exercício da presidência, buscando a anulação do que está posto ou ficar isolado. Os vereadores que efetivaram a consolidação do apoio a Glauber e Edu podem discutir com as demais instâncias do partido, ficarem isolados e, até mesmo, em ato extremo, participarem de fundação de novo partido, sem a perda de seus mandatos, segundo faculta a lei.

Enfim, no terreno das hipóteses e conjecturas, muita coisa pode acontecer. Porém, o que está anunciado não deverá se reverter.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.