Torcedores

Quem acompanhou ontem a transmissão da partida entre o E.C. 14 de Julho e o Brasil de Pelotas, naquela cidade, tomou conhecimento de que, mais uma vez, a reconhecidamente apaixonada torcida xavante esqueceu algumas regras básicas da hospitalidade e transferiu para fora do campo os sentimentos mais arraigados de amor por seu clube.Resultado: os profissionais de imprensa de Livramento tiveram que deixar o estádio Bento Freitas escoltados por policiais militares.

Apesar de que se entenda perfeitamente as maneiras eventualmente mais exacerbadas dos torcedores de manifestar seu apoio ao clube pelo qual torcem – com indignação, quando de uma derrota ou fatos que contrariem o que possa ser considerado um bom resultado para o time, ou com excessiva alegria, o que pode levar ao deboche sobre o adversário vencido e sua torcida – é impossível não deixar de lamentar, com respeito à partida de ontem, o comportamento da torcida do Brasil com os profissionais de imprensa. A pressão e represálias aos profissionais, especialmente da Rádio RCC FM, foram constantes durante todo o exercício da atividade profissional, na cobertura da partida de futebol. Sebastião Muniz, Marcelo Pinto, Danilo da Fontoura e Jonathan Lotito não tiveram tranquilidade para trabalhar e tiveram que chamar policiais militares para a cabine de imprensa, devidamente identificada, que ocuparam. No final da partida, ainda foram interpelados por integrantes da torcida xavante. Às escuras – porque a lâmpada da cabine foi quebrada pelos torcedores -, os profissionais tiveram que sair em direção ao campo – e não para fora do estádio, como seria normal. A alternativa para o grupo de profissionaos foi buscar refúgio exatamente junto ao grupo mais conhecido, que eram os integrantes da equipe do 14 de Julho. Os profissionais acabaram permanencendo no vestiário do 14 até que o clima se acalmasse e deixaram o estádio junto com a delegação do rubro-negro, por medida de segurança.

Nada, porém, que desmotive o espírito profissional da equipe do jornal A Plateia e da rádio RCC FM. Há poucas semanas, a equipe da editoria de espanhol de A Plateia também sofreu ameaças de moradores ao fazer a cobertura do assassinato de um conhecido contraventor da fronteira. Ou seja: já faz parte da rotina dos profissionais de imprensa correr esse tipo de risco ou contratempo. Nem por isso, contudo, pode o veículo que integram calar-se diante de um fato como esse. Por mais que torcedores tenham vontade própria e ajam eventualmente sem o consentimento do clube para o qual torcem, cabe à direção desse clube, dentro do que estabelece o Estatuto do Torcedor – como lei federal – exigir deles um mínimo de respeito a todos aqueles que garantem o bom funcionamento do círculo vivo dos esportes. É esse profissional que, no inflamado ritmo das transmissões, ajuda a manter viva a paixão do torcedor.

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