Amanhã, 15 de novembro, é o Dia Nacional da Umbanda
Data foi oficializada pela presidente da república Dilma Roussef este ano, em decreto publicado no Diário Oficial da União, e é tido como uma grande conquista pelos praticantes da religião
Onícia Cruz dos Santos, vice-presidente do Centro Cultural Zumbi dos Palmares
Neste ano, os simpatizantes e praticantes da Umbanda têm um motivo a mais para comemorar: é a indicação de uma data nacional e oficial para a religião. A Presidenta Dilma, através da Lei 1264, decretou o Dia Nacional da Umbanda, como religião estritamente brasileira, no dia 15 de novembro. A decisão foi publicada no diário Oficial da União, no dia 12 de maio de 2012, outra data histórica dentro da cultura negra e mesmo na história do País.
Onícia Cruz dos Santos, vice-presidente do Centro Cultural Zumbi dos Palmares, relata que a história da Umbanda no País inicia no dia 15 de novembro de 1908, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, quando um frágil menino de 17 anos, chamado de Zélio Ferdinando de Morais, recebeu uma entidade, declarando que seu nome era Caboclo das Sete Encruzilhadas. Essa Entidade falou que era o Renascimento da Umbanda nas terras do Cruzeiro do Sul. Determinou como seria essa nova religião e seus fundamentos. “A Umbanda veio para o Brasil com os negros escravos, só que ela era processada de outra forma. Este caboclo falou que o Brasil era a pátria da Umbanda , pois era um país onde havia negros, índios e brancos, uma miscigenação de raças, cada uma com sua religião. Todas elas somadas deram origem à Umbanda, uma nova religião que orienta que as pessoas devem ser simples, caridosas e não deveriam cobrar nada por seus trabalhos. Essa nova religião pregava que as pessoas deveriam ser atendidas de maneira simples e que não deveriam usar roupas coloridas e nada de luxo. Quem já teve a oportunidade de visitar um centro de Umbanda, pôde notar que no local não há nada de atrativo ou chamativo, são casas simples”. A religião essencialmente Umbandista, sem ser cruzada, indica que não devem ser feitos sacrifícios de animais ou sujar as encruzilhadas. “As pessoas têm o hábito de dizer: ‘Isso é coisa de saravá’, quando veem um trabalho na rua. Porém, isso é uma atividade de outra religião, também de matriz africana, como a Umbanda, Kimbanda, mas que usam este tipo de atividade. Na Umbanda, trabalhamos simplesmente com flores, frutas e perfumes, apenas com a natureza. Inclusive, um dos fundamentos da Umbanda é preservar a natureza, pois é através dela que temos aquela sobrevivência e convivência humana, junto de toda natureza”, completa. A Umbanda trabalha com os caboclos. Os índios tinham sua religião e quando os negros vieram para cá, juntaram-se a eles e passaram a trabalhar com os Tupinambá, Tupimirim e os preto velhos. Esse foi um dos fundamentos deixados para que a Umbanda se desenvolvesse.
Conquista
Para a vice-presidente do Movimento Cultural Zumbi dos Palmares, o ato da presidente Dilma Roussef só confirma a seriedade com que a religião deve ser tratada e seu papel dentro da sociedade brasileira. Para ela, o foco da religião é ajudar as pessoas espiritualmente e também materialmente. “Não tratamos de ajudar somente espiritulamente as pessoas, ajudamos com coisas materiais, como remédios, roupas e, às vezes, até com comida. Mas nossa religião é esssencialmente espiritual. Porque muitas vezes as pessoas vão ao centro de Umbanda para procurar um alento para as suas dores, e de repente até conseguem, mas depois não aparecem mais. Apesar disso, ficamos felizes por elas terem encontrado um alento e não cobramos nada por isso, trabalhamos com o princípio da caridade”.
Centros de Umbanda
Conforme Onícia, Livramento possui atualmente somente três centros de Umbanda: o Iemanjá, na rua 13 de Maio, o São Jorge, na 24 de Maio e o Centro São Gerônimo, localizado na rua General Câmara. “Esses três locais são os três que são umbandistas, os demais locais são de umbanda cruzada, com raízes africanas junto. Eles desenvolvem o Batuque e o Candomblé”, destaca.
Apesar de ser o primeiro ano de comemoração oficial da data, não estão previstas atividades externas dos centros umbandistas da cidade. Os grupos devem se manter reunidos em seus locais de atividade, dentro do horário de atividades.
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