III Encontro de redução de danos acontece na Fronteira Brasil/Uruguai

Principal objetivo da reunião é fortalecer as ações com os usuários de entorpecentes em Livramento e Rivera

Prefeito Municipal Wainer Machado realizou abertura oficial do 3º Encontro de Redução de Danos na Fronteira Brasil/Uruguai

Ontem, ocorreu o primeiro dia do III Encontro de Redução de Danos na Fronteira Brasil Uruguai, reunindo no auditório da 19ª Coordenadoria Regional de Educação, diversas entidades do Estado, entre elas Domiciano Siqueira, Presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos. Vários órgãos estiveram presentes no encontro, como Saúde Mental do Estado, Coordenadoria Regional de Saúde Mental, Seção Estadual de Controle das DSTS e AIDS, Comitê Binacional, Dirección Departamental de Salud, Centro de Referência de Redução de Danos do Estado, Saúde Mental de Uruguaiana, Saúde Mental de Alegrete, Redução de Danos de Uruguaiana, ONG Usas, profissionais das Unidades Básicas de Saúde de Livramento, enfermeiras e Susepe.

De acordo com Rosa Maria Osório, Coordenadora Municipal de PRD/DST/HIV/AIDS/HEPATITES virais de Sant’Ana do Livramento, o objetivo principal do encontro é fortalecer as ações de redução de danos nas fronteiras, e um dos principais motivos de ser realizada este tipo de ação aqui é que o Uruguai não tem redutores de danos e, para lidar com usuários de drogas, não pode haver fronteiras. “Além disso, foram trocadas experiências com profissionais do Uruguai e também da cidade de Uruguaiana, que já demonstraram intenção de que o 4º encontro seja realizado em outra fronteira, dando impulso para que em outras localidades seja feito o mesmo trabalho”, salientou Rosa.

Segundo a coordenadora, reuniões como essa são importantes, pois o programa de redução de danos é direcionado aos usuários de drogas, mas não preconiza a abstinência. “Às vezes, outros profissionais podem pensar que estamos incentivando o uso, mas o que nos interessa é a produção da saúde, repressão é com a polícia. Não incentivamos o uso de drogas, incentivamos o uso limpo ou a diminuição do uso, muitas vezes utilizando estratégias para que aos poucos o dependente vá se libertando do vício, nunca exigindo que ele pare”, destaca.

Rosa Maria Corrêa Osório – Coordenadora PRD/DST/AIDS/HEPATITESS VIRAIS de Sant’Ana do Livramento

ENTREVISTA

A Plateia: Como é realizado o trabalho de redução de danos na Fronteira Livramento/Rivera?
Rosa Osório: Temos uma equipe de 20 pessoas. Entre elas, seis são redutores de danos, que fazem o trabalho a campo. Toda semana, eles vão em bairros durante o dia e à noite. Um dos objetivos principais do nosso programa é chamar as pessoas para conhecerem a iniciativa e convidar a fazer testes.

A Plateia: Os redutores de danos passam por preparação para abordar as pessoas?
Rosa Osório: O redutor de danos precisa ter o perfil adequado para o trabalho que vai realizar, deixando de lado nojos, medos, vergonhas, pois vemos situações às vezes constrangedoras, às vezes nojentas, que às vezes amedrontam ou repudiam. Temos que ter um “jogo de cintura” para aprender a lidar com isso, até porque em certas ocasiões vemos o usuário consumir a droga na nossa frente e, com certeza, isso não é nada agradável.

A Plateia: É comum encontrar usuários de drogas em situação degradante na cidade?
Rosa Osório: Claro. É muito comum, muito mais do que se imagina. O crack está em um ponto no qual não sabemos mais o que fazer a respeito. Um dos trabalhos mais difíceis é trabalhar com dependentes dessa droga. Por isso, nos reunimos para saber o que mais podemos fazer a respeito.

A Plateia: Os redutores de danos costumam ser bem recebidos pelos usuários de drogas?
Rosa Osório: Sim, somos muito bem recebidos. Partimos do princípio que são pessoas sob o efeito de entorpecentes, qualquer coisa pode acontecer. Mas com o decorrer dos anos, já conquistamos uma certa confiança, já somos conhecidos por essas pessoas.

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