A REALIDADE CUBANA

O secretário Ivar Pavan (Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo) está em Cuba como integrante da comitiva do governador Tarso Genro. Viagens à ilha dos Irmãos Castro sempre serão proveitosas por que Cuba faz parte do nosso imaginário político-ideológico e esse país é o que temos de mais próximo, geograficamente falando, de uma experiência prática de socialismo ou comunismo (a escolher) já que não há diferença alguma. A outra é longe e inacessível: Coréia do Norte.

Pois o secretário Ivar Pavan, numa entrevista ao colega Juremir Machado da Silva, disse que Cuba se apresenta atrativa ao RS pela carência de máquinas e equipamentos agrícolas, setor industrial que nosso Estado poderia perfeitamente atender já que produzimos o que a ilha necessita com urgência. Mas o mais interessante ficou por conta de uma observação do secretário Pavan que, inconscientemente, admitiu o fracasso absoluto da reforma agrária cubana.
Cuba não tem máquinas agrícolas e suas terras apropriadas para a agricultura estão abandonadas por que sendo do Estado não são de ninguém. E o reflexo é óbvio: o principal produto importado por Cuba é comida. Os cubanos mesmo com boas extensões de terra, estas encontram-se abandonadas, apesar de haver 190 mil jovens querendo plantar e produzir alimentos.
A razão é somente uma: quando Fidel Castro promoveu a reforma agrária assinou também a falência alimentar dos cubanos. Agora, 50 anos depois, Cuba admite reconsiderar a bobagem ideológica e quer redistribuir as terras que tomou dos antigos proprietários por um “ato revolucionário”.
O sistema de produção agrícola de Cuba é medieval e a terra, por falta de tratores, é arada com 25 mil juntas de boi! Ninguém pode produzir alimentos para 10 milhões de pessoas com duplas de bovinos unidas por cangas substituindo os tratores. Para o secretário Pavan, a culpa para o uso de juntas de bois é do bloqueio econômico. Com todo o respeito, essa não, secretário! 

Os Irmãos Castro têm excelentes relações comerciais com dois grandes países, amigos de Cuba, que poderiam fornecer todo o equipamento necessário para uma agricultura moderna e mecanizada no país: Rússia e China, ambos estão se lixando para o embargo econômico dos EUA. Cuba não tem tratores por que não tem dinheiro para comprá-los e
o tempo das mesadas ideológicas acabaram quando velha União Soviética quebrou exatamente por ter mantido por 70 anos um regime que a ilha insiste em imitar até os dias atuais.
A contradição do regime cubano foi constatada pelo próprio secretário Ivar Pavan na entrevista com colega Juremir Machado da Silva. Cuba tem – segundo Pavan – um bom desenvolvimento em biotecnologia e em agroecologia, mas importa comida. Ora, Israel tem um território quatro vezes menor que o cubano e também importa comida. No entanto, exporta seus conhecimentos científicos nas áreas de biotecnologia e técnicas agrícolas.
O que os gaúchos estão constatando em Cuba é o be-a-bá das ideologias e sistemas de governo. O socialismo é o caminho mais longo para se chegar ao capitalismo. Em Cuba, a constatação está completando 50 anos. Na Rússia foram 70.

HÁ 20 ANOS

Estive em Cuba há 20 anos, em 1992, acompanhando o então secretário da Agricultura, deputado Aldo Pinto. A URSS havia sucumbido em 1989 e tinham cessado as remessas de dólares para a ilha – 6 bilhões por ano. Já se viam tratores soviéticos sucateados nas lavouras e as juntas de boi eram a solução. O desvio de gado para substituir os tratores provocou a falta de carne na mesa – escassa e racionada – dos cubanos.

 

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