Livreiros já avaliam de forma positiva a III Feira Binacional do Livro
Números, em alguns stands, já superaram em até 30% o faturamento obtido na edição passada do evento
Quem for, no início da manhã ou da tarde, à III Feira Binacional do livro, vai se deparar com uma grande quantidade de estudantes brasileiros e uruguaios circulando no local. No fim do dia, o público ainda inclui famílias inteiras. Para os expositores de livros, localizados sob a enorme tenda branca cedida pelo Consulado Brasileiro no Uruguai, o movimento já demonstra um crescimento em relação à edição anterior do evento. Conforme o proprietário da Livraria Garatuja, Marcos Gottschalk, as vendas, em comparação com o primeiro dia do ano passado, aumentaram em 30%. Pela primeira vez na Feira, Luis Carrizo, proprietário do Espácio Lector, conta que a sua expetativa de público foi superada.
Até mesmo atendentes, como Paul Schiera, da banca da Universidade da República do Uruguai, que têm como foco a divulgação da produção universitária, também comemoram o interesse do público, em sua maioria universitários. Participante pelo segundo ano consecutivo, a Câmara Uruguaia do Livro chama a atenção para o fato de feira ser realizada no fim do mês, o que faz com que muitos paguem com cartão de crédito. Por outro lado, os saldos e descontos atraem grande parte das pessoas. “Observei que vários alunos estão trazendo dinheiro para comprar livros e as professoras os ajudam a escolher os melhores títulos”, conta Caroline Decoratto, responsável pela banca da livraria Ponto do Livro, lembrando que esse estímulo às crianças e adolescentes vem de casa, e que muitos dos que chegam ao estande são filhos dos clientes da livraria.
É por apostar na formação desse público que outra livraria santanense, a Marco Zero, participa de todas as Feiras. Conforme explica o sócio-proprietário, Artur Montanari, existe um esforço financeiro para trazer seus livros à Feira, como custos com funcionários e o oferecimento de descontos. No entanto, esse aporte se reverte em formação de um público de leitores que poderão frequentar a livraria nos demais dias do ano. A diversidade é mais uma atração da Feira, que conta ainda com o estande da União Municipal Espírita (UME), representada por Neri Pereira. “Vemos que o público cresceu, pelo material gratuito que distribuímos para crianças, que não param de circular”, comemora. Para Carlos Goulart, da Livraria Nativa, e Sebastian Gueda, das Edições da Banda Oriental do Uruguai, o turno da noite e fim de semana são os melhores períodos para as vendas aumentarem ainda mais.
DEBATE
As charlas levam para dentro das barracas um público seleto e interessado. Isso pôde ser observado na manhã ensolarada de sexta-feira, quando foi tratado o tema As Políticas e os Caminhos do Patrimônio Histórico na Fronteira, com a participação de Rosario Brochado, Luiz Eduardo Fontoura Teixeira, Miguel Angelo Pereira e Selva Chirico, com mediação Eduardo Palermo. Durante sua exposição, o arquiteto, professor e doutor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Eduardo Teixeira, ressaltou a importância da conscientização da população com sua história. “As cidades são feitas de colagens de época, e por isso é importante preservar prédios, monumentos, praças e parques. São eles que vão contar a nossa história”. Já a historiadora uruguaia, Selva, afirmou que na Fronteira não existem políticas de patrimônio porque a comunidade e as autoridades não têm vontade coletiva. “Quem não sabe de onde vem, não vai deixar futuro a seus filhos, netos e bisnetos. E temos de lutar por isso, pois a Fronteira é um lugar de encontro e de integração”, ressaltou.
Empenhado com a defesa do Plano Diretor, o engenheiro Miguel Angelo Pereira, funcionário da Prefeitura Municipal, falou sobre os 108 imóveis possíveis de tombamento, mas que ainda precisam de legislação para serem preservados e recuperados. “Vai ser necessário que o movimento para que isso seja respeitado, venha da comunidade, de um grupo”, avisou ele, dizendo que ainda “não sabemos restaurar nada, nunca fizemos isso”.
A professora Rosario Brochado fechou a charla de mais de 3 horas e discorreu sobre a linguagem utilizada na Fronteira. “Até 1870, era o Rio Negro que separava o País linguisticamente. No Norte, falava-se mais português, já que os latifundiários contratavam professores de português para ensinarem a seus filhos. Isso era sinal de prestígio”.
Candidato a patrono da Feira, sim!
Uma carreira longa, mais de trinta livros publicados, patrono de algumas das mais importantes feiras do livro em todo o Rio Grande do Sul, o santanense Paulo Bentancur está entre os escritores mais reconhecidos da atualidade. Convidado para palestrar durante a realização da 3ª Feira Binacional de Livramento, Bentancur falou sobre suas experiências no mundo da literatura para um público atento e sedento por informações. Ao fim da palestra, Paulo Bentancur disse que seu prazer em retornar a sua terra natal, de onde saiu com dez anos de idade, foi redobrado neste ano. “Estou muito feliz por poder, aqui na minha cidade, falar de algo que amo tanto, a literatura”, disse ele. Questionado sobre a possibilidade de ser, um dia, patrono da Feira Binacional do Livro, Paulo Bentancur disparou: “Quero que isso aconteça logo e aviso: sou candidato (risos)”. O escritor retornou na manhã de ontem para Porto Alegre, cidade onde reside há 45 anos.
PROGRAMAÇÃO
Horário a confirmar / Praça Internacional
Conferencistas:
- Richar Bertis, Músico e produtor cultural (Uruguai);
- Chito de Melo, músico e compositor (Uruguai);
- Instituto Raízes Afro (Uruguai);
- Rubí Acosta (Uruguai);
- “A milonga e sua integração com Uruguai e Brasil”, Dr. Sandro Rosa. Colégio Aplicação/ UFSC (Brasil).
15h -16h / Praça Internacional
- Teatro “O rapto das cebolinhas”, Ana Maria Clara Machado
15h – 17h / Praça Internacional
- Lançamento dos livros da Associação de Escritores Riverenses. “Uma História de Binacionalização e Inclusão: Eu quero fazer… eu posso fazer!!!”.
17h45 – 18h30 / Praça Internacional
- Lançamento do livro “Os dois demônios”, de Alvaro Alfonso Editora Planeta.
18h30 – 19h15 / Praça Internacional
- Lançamento do livro “Entre aventuras e memórias”, de Braulio Lópes Editora Planeta.
19h15/ Praça Internacional
- Lançamento do livro “El llanto del jazmín”, de Raphael Ficher.
19h30 / Praça Internacional
- “Dia Internacional da Animação” – Exibição de curtas-metragens de animação nacionais e internacionais. Esse é o maior evento simultâneo de cinema do Brasil, ocorrendo em 30 cidades do País, além de 200 países.
21h / Praça Internacional
- Encerramento da 3ª Feira Binacional do Livro;
- Apresentação do Grupo de Dança Chilenas de Prata da Prefeitura de Sant’Ana do Livramento e da Escuela de Tango Gerardo Mattos Rodríguez, da Intendencia Departamental de Rivera.