JUÍZES EM BRASILIA E BERLIM

A representação mais autêntica do que é a confiança do cidadão na Justiça está no conto do escritor francês François Andrieux conhecido mundialmente como “O Moleiro de Sans-Souci”. Um breve resumo do conto diz que o caso ocorreu em 1745, na Prússia, no reino de Frederico II, conhecido déspota esclarecido, logo cercado de intelectuais e acólitos típicos em qualquer reino ou governo republicano.

Um moleiro administrava o seu moinho desde muitas gerações, mas o prédio prejudicava a paisagem vista do palácio real. Um “assessor” de Frederico II sugeriu que ele determinasse a demolição do moinho, mas o rei mandou chamar o moleiro para saber quais motivos impediam que ele saísse do local.

O moleiro, de maneira simples e objetiva, disse que aquele moinho pertencia à sua família e que confiava na Justiça, pois “ainda havia juízes em Berlim”. Trata-se da melhor referência sobre a confiança de um cidadão na Justiça de seu país e que hoje ainda é citada quando alguém se sente ameaçado por prováveis injustiças.

Corta para Brasília. O Poder Judiciário brasileiro desfruta neste momento de grande prestígio nacional pelo julgamento do mensalão e pelas decisões contra a “quadrilha” chefiada por José Dirceu e operada por Delúbio Soares e José Genoino, conforme os resultados das votações de nossa Corte Suprema.

Recentemente, durante a eleição municipal, dois ministros com votos discordantes – Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski – puderam sentir o clamor popular por suas atuações no caso do mensalão. Nós somos os moleiros inconformados com a corrupção do maior assalto já feito no Brasil aos cofres públicos visando a compra de parlamentares. Barbosa e Lewandowaski são os modernos juízes de Berlim. E vejam como ambos foram tratados pelo povo.

JOAQUIM BARBOSA (1)

Joaquim Barbosa votou na Zona Sul do Rio de Janeiro, no Clube Monte Líbano, na Lagoa. Aguardou apenas um minuto na fila, antes de votar. Foi o tempo para que surgisse um grupo de tietes entre 50 e 80 anos.

JOAQUIM BARBOSA (2)

Até o supervisor da 17ª Zona, Luiz Henrique Leão Vieira, de 49 anos, tirou uma foto com o ministro, e postou no Facebook. Escreveu: “Esse me dá orgulho de ser brasileiro!.” Nos quinze minutos em que teve de ficar no local, Barbosa não negou um único pedido de foto. Só faltou ser aclamado.

RICARDO LEWANDOWSKI (1)

Eleitor em São Paulo, o revisor Ricardo Lewandowski pediu esquema de segurança e entrou pelos fundos do colégio onde vota, no Brooklin, Zona Sul da capital. Nenhum dos eleitores que o encontraram dirigiu-lhe a palavra, não fez fotos com ninguém. Apenas os jornalistas, por dever de ofício, o procuraram para entrevistas. E suas declarações foram bastante sintomáticas.

RICARDO LEWANDOWSKI (2)

“- Estou com a consciência absolutamente tranquila, cumpri meu dever. Críticas fazem parte do processo democrático – disse. Só esqueceu de explicar por que, então, teve de pedir proteção policial. Mas sua consciência sabe muito bem os motivos.

O REGISTRO

Quem faz a lembrança dos dois exemplos ocorridos com os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski foi o jornalista Carlos Newton, no blog do jornal “Tribuna da Imprensa”.

 

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.