Aceitação

A comunidade santanense tem tido exemplos diários de que seus méritos e qualidades são mais visíveis para quem é de fora do município do que para os que aqui vivem. Pelo menos, isso é o que parece, uma vez que rotineiramente recebe-se informações de elogios dados para a qualidade de produtos locais por consumidores de outras regiões, enquanto que o próprio morador que produz tal qualidade teima em diminuir sua potencialidade. Ontem, mais uma vez, um aspecto do agronegócio voltou a chamar a atenção para isso. Uma novilha da raça Angus, da Estância do Sossego, alcançou um novo recorde de valorização no mercado. O pagamento foi de mais de R$ 24 mil, referentes a 50% da novilha. Em outras palavras: mais uma prova evidente do reconhecimento da qualidade da genética alcançada nos rebanhos locais, o que permite projetar um futuro muito positivo para o setor primário santanense. Ao mesmo tempo, são fatos que igualmente projetam a Exposição Feira de Animais e Produtos Derivados de Sant’Ana do Livramento como um dos principais referenciais do agronegócio gaúcho, talvez não pelo volume de negócios mas com certeza pela qualidade dos produtos oferecidos, o que obriga qualquer produtor, de grande ou pequeno porte, em qualquer lugar do Rio Grande ou do País, a focar na aquisição de exemplares resultantes da evolução genética da fronteira. Ainda assim, lamentavelmente, existem todavia aqueles que primam pelo descaso para com o cuidado que tanto se defende em relação à imagem de Livramento. Neste mesmo final de semana em que se comemora o negócio recorde feito na venda de 50% da novilha da Estância do Sossego, também teve-se que lamentar a ação oportunista de que foi vítima um consumidor que veio à fronteira aproveitar o feriadão e acabou sendo vítima de extorsão… quando pediu para usar um banheiro em uma loja em Rivera. Exatamente: pediu para usar o banheiro e foi-lhe cobrada a singela “contribuição” de R$ 40,00, conforme relatou, irritadíssimo, na redação de A Plateia, que procurou para registrar o fato. Contou mais: disse que procurou no Parque Internacional, procurou por bares no centro e acabou tentando uma loja em Rivera. Só que não conseguiu absolutamente nenhuma atenção. Esse tipo de atendimento dado ao visitante, em que se procura de maneira oportunista amealhar alguns trocados a mais poderá custar caríssimo no futuro para toda a fronteira, inclusive para a loja do “esperto” comerciante que cobrou R$ 40,00 pelo uso do banheiro. O consumidor extorquido, com certeza, vai pensar duas vezes, a partir de agora, para retornar à fronteira, certamente vai procurar escolher outra praça de free-shop – talvez dentro do próprio Uruguai – e com todo direito vai espalhar seu desapontamento em relação a Livramento-Rivera falando mal, e muito mal, sobre a experiência que teve. A imagem negativa que levará, a longo prazo, poderá representar uma redução significativa do número de visitantes que escolhem a fronteira para seu turismo, seus passeios, suas compras – prejudicando toda a cidade e diretamente os comerciantes que ainda são o principal objetivo dos turistas gaúchos e de outros estados que vêm para cá, incluindo a loja que cobra R$ 40,00 pelo uso do banheiro. Resumindo, um entendimento: Livramento e Rivera precisam sim aceitar seu potencial, sua grandeza, a qualidade que os de fora reconhecem nos produtos locais. Mais do que isso, precisam passar a comportar-se de acordo com o perfil de um verdadeiro centro turístico: atender bem, cobrar o produto vendido pelo valor real que ele tem, garantir a satisfação do consumidor, para que ele fale bem do negócio feito e principalmente fale bem do local onde adquiriu o produto. A fronteira precisa se aceitar.

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