DILMA NA ONU

Ao discursar na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a Presidente Dilma Rousseff criticou a política dos países ricos contra a crise financeira internacional, que está causando prejuízos nos em desenvolvimento. Declarou ainda enfaticamente não aceitar que iniciativas brasileiras legítimas de defesa comercial sejam injustamente classificadas como protecionistas. Ademais, a tônica da Presidente se situou no debate contra a política monetária expansionista dos países desenvolvidos, que determina nos emergentes a valorização artificial da moeda. O fim da guerra cambial ocorrerá quando acontecer uma coordenação na ação monetária e fiscal global. Seria uma espécie de um novo pacto para não permitir influências artificiais e privilégios aos mais ricos no mercado internacional. O protagonismo brasileiro na ONU não vem de hoje com o aplaudido desempenho da Presidente. Já em 1947, Oswaldo Aranha, então Embaixador do Brasil nos Estados Unidos e dono de uma capacidade invulgar de diálogo, foi eleito Secretário Geral, inaugurando sua primeira Sessão Especial. Daí nasceu a tradição brasileira em tão importante cenário. Na verdade, a participação brasileira é emblemática, num momento em que se aprofunda o debate sobre o modelo de Estado e o controle sobre o capital financeiro internacional. De uma parte, com o fracasso da visão neoliberal, submetido à vontade do mercado, os países têm procurado definir o espaço do Estado na economia, não só induzindo a atividade produtiva, mas também investindo capital em diferentes segmentos da atividade econômica. Muitos começam a experimentar um modelo próximo do capitalismo, em que o público compartilha com o setor privado o espaço de mercado. De outra parte, depois da crise de 2008, quando os governos tiveram de assimilar os prejuízos do setor imobiliário e dos bancos, a crise se tornou permanente e os movimentos rápidos do capital uma constante. Além de exigências na capitalização do sistema bancário, muito se tem discutido sobre o controle efetivo no movimento de capitais e até se realmente tem como fazê-lo. Apesar da complexidade e da forma, como o capital corre atrás do lucro é possível desenvolver processos diferenciados de controle. É nesta direção que na essência a grande maioria da população brasileira se situa. Portanto é com honra e aplausos que o Brasil inaugura um novo período com um conteúdo tão importante para as relações entre os povos. Com efeito, ao mesmo tempo em que se valoriza a soberania nacional os países se alinham em blocos que transformam as fronteiras em meras referências geográficas. Mercado e moeda únicos. Vida comum e política pública compartilhada fazem parte da nova agenda. Tudo para dizer que o foco central deve continuar a ser o de valorizar a vida das populações, suprimindo a miséria, tratando as doenças, protegendo o meio-ambiente e garantindo a educação como forma incontestável de inclusão. Por tudo isto de essencial é que estar nas Nações Unidas levando o posicionamento brasileiro é elevar a voz e pedir justiça e respeito. É defender a paz e a democracia como apanágio da liberdade e da fraternidade entre os homens.

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