HORÁRIO ELEITORAL

Termina nesta quinta-feira mais um período de propaganda eleitoral gratuita. Desde 21 de agosto que as emissoras de rádio e televisão vinham transmitindo programas de governo, promessas de um futuro cheio de realizações e também muita bobagem de candidatos que poderiam ser classificados de analfabetos funcionais.

Se entre as obrigações da Justiça Eleitoral estivesse programado um teste de conhecimentos gerais, por escrito – poderia ser semelhante aos feitos a candidatas a miss – boa parte desses que se apresentaram em nossas casas pedindo votos estaria reprovada “com louvor”.

Há casos mostrados na televisão que ultrapassam todos os limites toleráveis do ridículo e o que surpreende não é nem mais a audácia de quem aceita fazer aquele papel no vídeo, mas a estupefação do eleitor/telespectador que fica se perguntando “mas que partido é esse que homologa tais candidaturas?”

Desde a sua implantação pela Justiça Eleitoral que os programas políticos na mídia eletrônica são enfadonhos e repetitivos, mesmo em época onde os partidos têm direito à divulgação de sua doutrina, sempre às 20h30m nas segundas e quintas-feiras. Já os programas no período eleitoral dão saudade da Lei Falcão.

A Lei Falcão, do então ministro da Justiça Armando Falcão, proibia manifestações dos candidatos. Todos, sem exceção, podiam apenas aparecer no vídeo por um slide que trazia a foto, o número e o nome do partido. Era proibido dizer bobagens ou fazer palhaçadas com gestos e pedidos de votos.

Há quem diga que os programas gratuitos no horário eleitoral democratizam as candidaturas e permitem aos políticos mais pobres uma igualdade com candidatos ricos. Mas o que se vê, já faz muito tempo, é o nivelamento por baixo: bons candidatos ficam no mesmo patamar de arrivistas e picaretas.

Sempre é bom ressaltar e frisar que se somos obrigados a ver figuras toscas e algumas até se aproximando perigosamente da boçalidade a culpa é exclusivamente dos partidos políticos. Desde a filiação até a sua homologação em convenção partidária. A Justiça Eleitoral, infelizmente, nada pode fazer para higienizar a classe política.

Hoje, termina a programação eleitoral no rádio e na televisão. Nós eleitores já temos um encontro marcado com nova leva de candidatos em 2014. Mas não esperem grandes mudanças e nem grandes currículos, salvadas as exceções de sempre.

ELEIÇÃO CARA (1)

A cada ano concorrer a um cargo eletivo custa muito dinheiro. Candidatos sem recursos financeiros dificilmente consegue se eleger. Os partidos buscam entre seus filiados candidatos com posses financeiras ou “celebridades” como homens e mulheres que ganharam notoriedade em suas atividades profissionais.

ELEIÇÃO CARA (2)

Talvez seja por isso mesmo que há tantos candidatos ligados ao esporte e aos meios de comunicação. Quem não quer gastar, mas sonha em concorrer, precisa ser famoso. No interior é muito comum o radialista do programa de maior audiência ter a carreira de vereador pronta e barata.

ELEIÇÃO CARA (3)

Numa cidade como Porto Alegre, um candidato a vereador que quiser disputar a sua primeira vaga parlamentar vai precisar gastar em torno de R$ 1 milhão. Até mesmo a busca de uma reeleição custa um bom dinheiro.

RENOVAÇÃO

O cálculo de renovação nas Câmaras de Vereadores anda em torno de 30%, mas o espaço ficará sempre com alguma pessoa famosa ou com muito dinheiro empregado na campanha.

FIM DE UMA ERA

Sequer existe mais o histórico cabo eleitoral e muito menos militância nas ruas por amor a uma causa. Cabos eleitorais trabalham em troca de um emprego ou pela manutenção do atual. E a militância é recrutada e paga por dia. Basta ver a feição de fastio de quem segura uma bandeira pelas esquinas e pontos públicos de qualquer cidade gaúcha.

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