BROSSARD E A BUROCRACIA

Um veículo de propriedade de Paulo Brossard (ex-senador e ex-ministro da Justiça) foi furtado na noite de quinta-feira passada. O carro estava estacionado na Rua Ramiro Barcellos, nas imediações do Hospital Moinhos de Vento onde Brossard se encontrava visitando um parente internado. 

Feito o registro policial, veiculo foi localizado uma hora depois pelo serviço de rastreamento por satélite sendo removido para a 10ª DP, por determinação da Brigada Militar que acompanhou a empresa responsável pelo seguro, Começava também o dilema da burocracia que envolve a retirada de um veículo das mãos do Estado. 

O carro só podia ser retirado pelo proprietário portando o documento usado para a transferência do mesmo (aquele verde que a gente guarda em casa). Conforme narra em seu blog o jornalista Políbio Braga, sexta-feira pela manhã, Brossard queria saber como recuperar o carro e buscou informações da 10ª DP. 

A estagiária da 10ª DP, Andriani, não sabia de nada sobre os procedimentos de retirada um veículo e as informações só poderiam ser dadas na parte da tarde, pelo chefe do cartório, pelo delegado ou pelo comissário. Esta é a rotina, diz Políbio Braga. 

Tão grave como um cidadão perder o seu carro por furto é se ficar sabendo que numa DP quem dá (ou não dá, como o caso do furto) informações é uma estagiária e que lá não estava nenhuma autoridade, pois tudo fora empurrado para a tarde. 

Pergunta que se torna óbvia: não seria mais fácil a empresa rastreadora avisar que o carro fora localizado e devolvê-lo ao proprietário? Se não existisse a burocracia estatal inútil, sim. Mas para que facilitar se a complicação faz parte da vida dos brasileiros? 

A guarnição da BM determinou que o carro fosse para a DP da área já que a empresa de rastreamento sempre avisa as autoridades sobre um furto e quando um veículo é localizado formaliza-se a ocorrência. Mesmo assim, a burocracia poderia ser dispensada se a empresa, assim como registrou o furto, registrasse também a localização e a devida entrega do veículo ao seu proprietário. 

É bem provável que se o cidadão Paulo Brossard ainda estivesse na ativa como ministro do STF, como senador ou como Ministro da Justiça e tivesse um veículo de sua propriedade furtado, não teria enfrentado tanta burocracia. Burocrata tem orgasmos quando recebe um telefonema vindo de cima e facilita até o que não pode ser facilitado. 

Eu sei que qualquer autoridade estaria num carro oficial, com motorista e segurança, especialmente uma tão graduada como Brossard, mas o mesmo valeria para um veículo particular de algum familiar seu, pela pressa em servir uma pessoa importante. Só que agora como cidadão Paulo Brossard enfrentou o sistema burocrático vigente. 

DRIBLANDO A BUROCRACIA (1) 

Um velho colega de rádio teve o seu Fiat Uno furtado. Ele lamentou muito a perda do carro comprado a prestação e seu seguro total. Dias depois, caminhando pelas ruas de um bairro distante de sua casa, avistou o seu carro. O seu “fiatizinho” que ele já se conformara em perdê-lo para sempre. 

DRIBLANDO A BUROCRACIA (2) 

Nervoso, sem saber o que fazer, avistou um PM e lhe contou o que estava acontecendo. E pediu uma orientação de como proceder. Esperar pelo ladrão, prendê-lo, fazer o quê? E foi aí que o PM, prático e bem objetivo, deu-lhe um conselho genial. 

DRIBLANDO A BUROCRACIA (3) 

“Faça o seguinte – disse o PM – vá em casa, pegue a chave reserva e volte aqui que eu fico cuidando do veículo”. O meu colega tomou um taxi e voltou em menos de 20 minutos ao local com a chave reserva. 

DRIBLANDO A BUROCRACIA (4) 

O PM estava lá, zelando pelo carro e apenas disse para o colega radialista: “Agora o senhor entre no seu carro e vá embora, antes que o ladrão chegue”. Feliz da vida e agradecido eternamente ao PM inteligente e prático, ele recuperou o seu “fiatizinho”.

Acabara de roubar o seu próprio carro, com proteção policial, mas com a satisfação de ter dado um chute no traseiro do ladrão e da burocracia que iria enfrentar.

 

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