Os três Hinos

Ao ouvir o hino riograndense, onde quer que estejam, sentem eriçar os pelos todos os nascidos neste solo, já aos primeiros acordes desse som que adentra os tímpanos e embala a alma. “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra”, diz o verso final, na letra que mais caiu no agrado popular, de autoria de Francisco Pinto da Fontoura, conhecido como Chiquinho da Vovó. Diz a história, e o MTG confirma, que foi essa terceira versão a que mais agradou a alma popular. “Um fato que contribui para isto foi que o autor, depois de pronto este terceiro hino, continuou ensinando aos seus contemporâneos o hino com sua letra” – refere o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Aliás, a letra deste autor é basicamente a mesma adotada como sendo a oficial até hoje, mas a segunda estrofe, que foi suprimida posteriormente, era a seguinte:
Entre nós reviva Atenas
Para assombro dos tiranos;
Sejamos gregos na Glória,
E na virtude, romanos.
Havia 3 letras, de início, das quais duas já foram perdidas pelas eras e seria necessária muita pesquisa aplicada para localizá-las, se é que isso seria possível. Conforme relatos oficiais, as três letras foram interpretadas ao gosto de cada um até meados do ano de 1933, ano em que estavam no auge os preparativos para a Semana do Centenário da Revolução Farroupilha. Nesse momento, um grupo de intelectuais resolveu escolher uma das versões para ser a letra oficial do hino do Rio Grande do Sul.
Para que o leitor tenha conhecimento, está inclusive na internet, nos portais de cultura e educação que, a partir daí, o Instituto Histórico, contando com a colaboração da Sociedade Rio-Grandense de Educação, fez a harmonização e a oficialização do hino. O Hino foi então adotado naquele ano de 1934, com a letra total conforme fora escrito pelo autor, no século passado, caindo em desuso os outros poemas.
No ano de 1966, o Hino foi oficializado como Hino Farroupilha ou Hino Rio-Grandense, por força da lei 5213 de 5 de janeiro de 1966, quando foi suprimida a segunda estrofe. A partir de então tornou-se oficial sua canção como célebre peça musical.
Em que pese haver a necessidade de se propagar mais entre a “gurizada”, o Hino Rio Grandense, depois da torcida do Grêmio Portoalegrense que adotou a estrofe “Sirvam nossas façanhas” logo após a Batalha dos Aflitos, não ocorreram iniciativas de estímulo global ao Hino, salvo o que ocorre nas entidades tradicionalistas e são elas as que propagam de forma intensa mais do que letra e música, o significado do conteúdo telúrico para o povo, a gente riograndense, em seu mais puro civismo e devoção pela terra, traduzidos no cantarolar do Hino.
Os três hinos, não por acaso, solidificaram-se em apenas um, diferenciando-se dos demais Estados brasileiros, inclusive.
E hoje, essencialmente, nesta data, nesta Semana, mais do que em qualquer outro momento – em que também deve ser cantado – com olhar no horizonte, sorriso nos lábios e “peito aberto” – no dizer da gauchada, é que se deve cantar essa maravilha de poesia que foi criada com a essência do passado, permanecendo com a altivez do futuro, sem esquecer que é possível pensar que foi feito sob medida para os gaúchos.
Assim, chapéus nas mãos, cantemos:
“Como aurora precursora Do farol da divindade
Foi o 20 de Setembro O precursor da liberdade
Mostremos valor constância Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas De modelo a toda Terra
De modelo a toda Terra Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
Mas não basta pra ser livre Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude Acaba por ser escravo

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