Mais um potencial

Não é de hoje que se reclama uma ação mais efetiva do Município para otimizar e agregar valor aos recursos e potencialidades naturais e históricas de Livramento. Em relação aos recursos existentes, por exemplo, são muitos os locais existentes na cidade que a associam a nomes de destaque na história não só do Rio Grande do Sul, como também do Brasil e da América Latina como um todo. Além da casa onde viveu o general farroupilha David Canabarro, ainda existe em Livramento a casa onde nasceu e viveu seus primeiros anos de vida o cantor Nelson Gonçalves, considerado a voz de ouro do Brasil, a casa onde morou o grande tradicionalista Paixão Cortez, fundador do Movimento Tradicionalista Gaúcho, um dos primeiros patrões do 35 CTG, na Capital do Estado, e que ainda serviu como modelo para a escultura do Laçador, símbolo do Rio Grande do Sul, e a casa onde morou o escritor argentino José Hernandez, que aqui escreveu a primeira parte do épico gaúcho Martin Fierro, considerado a bíblia do gaúcho latino-americano, com seus mais de sete mil versos relatando os usos, costumes e principalmente definindo um perfil sócio-psicológico do povo gaúcho. Isso sem falar na Cidade da Tradição José Rufino de Aguiar Filho, onde se desenvolve anualmente a Campereada Internacional, e a meia centena de entidades tradicionalistas onde neste momento reúnem-se tradicionalistas campeiros e urbanos, no culto aos mais arraigados costumes do povo gaúcho. Apesar de todo esse riquíssimo patrimônio histórico e cultural, Livramento ainda perde espaço no cenário regional em termos de atrativos turísticos relacionados com suas tradições e modo de vida. A cidade da tradição na antiga Chácara da Prefeitura é um bom exemplo. Há apenas 20 anos, a comunidade tradicionalista de Bagé invejava Sant’Ana do Livramento – no bom sentido – por existir aqui um espaço próprio para a pratica das tradições, provas campeiras e artísticas, enfim. Hoje, Bagé criou seu Parque do Gaúcho, já realizou eventos no local dignos de constar no Guiness Book, sedia atualmente as gravações de uma super-produçáo do cinema nacional, enquanto que, em Livramento, a cidade da tradição a cada evento demanda mais e mais recursos para ficar pelo menos um em condições para receber o público do tradicionalismo. Até mesmo Porto Alegre, considerado o chão dos “gauchinhos urbanos”, já tem seu centro de mobilização e concentração de tradicionalistas de todo o Estado. As pessoas de fora da cidade conseguem acreditar mais e ver melhor os potenciais locais do que os próprios santanenses que aqui residem. Um exemplo bem claro é o movimento iniciado nos meios eruditos-culturais-tradicionalistas para que se defina Livramento como “A terra de Martin Fierro”. Tal movimento, que contou com o apoio de órgãos oficiais do município, propos a definição de uma identidade para o povo fronteiriço, seus usos, sua culinária, seu artesanato, sua arte, enfim, mas enfrenta o grave problema da visível pouca vontade em alguns setores politico-administrativos. Não há duvidas de que muitos segmentos da comunidade santanense, diretamente, e a própria comunidade como um todo, no fim das contas, seriam beneficiados pela identificação local com a saga de Martin Fierro. Essa proposta poderia incluir, como já sugeriu o SEBRAE, um roteiro pelos hotéis-fazenda, pelos pontos turísticos naturais, pelos locais históricos, tudo isso com o acompanhamento dos saborosos produtos locais – culinária típica, os bons vinhos de padrão internacional da fronteira, as deliciosas frutas produzidas pelo fértil solo e clima locais -, entre muitos outros atrativos. Como se vê, Livramento possui grandes e importantes atrativos, mas precisa se preparar para bem explorar esse potencial de geração de riquezas, trabalho e renda.

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