Sem mais novelas

Tem algumas coisas na área política que não dá para compreender. Da mesma forma, no âmbito dos governos, há questões que são incompreensíveis para os cidadãos comuns. O Projeto de Lei Complementar 11/2011 foi resgatado pelo deputado federal petista Marco Maia, hoje presidente da Câmara dos Deputados, a terceira mais alta autoridade da república. Esse projeto, de forma simplificada, consiste no seguinte: o governo brasileiro diz que é possível que sejam implantadas lojas francas (free shops) nas zonas de fronteira, especificamente nas cidades-gêmeas – reconhecidas por força de legislação.

Até aí, ok!

Adiante: uma senadora do PP (Ana Amelia) está articulando para que o projeto do petista seja votado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado da República, terminativamente. Ou seja, aprovado ali, iria diretamente para a sanção da presidente Dilma Rousseff – cujo partido é o PT.

Pela lógica, estaria tudo certo. O projeto teria sido votado, aprovado, sancionado e já estaria em fase de promulgação, rumando para a regulamentação.

Mas, ontem, uma manobra do representante do governo no Senado forçou a retirada de pauta. Aliás, foram várias reviravoltas ontem. Que interesses movem essa estratégia. Seria, realmente, uma manobra do governo Dilma? Ou do interesse de outrem, que foi burlado a partir do momento em que a própria presidenta foi informada.

Sim, pois, em que pese a valorosa luta promovida pela senadora Ana Amelia Lemos, que honra os votos obtidos em Livramento e, mais ainda, honra os gaúchos, orgulhando a estirpe farroupilha, essa questão do PLC 11 já estava se transformando em novela. Os leitores podem conferir nesta edição – página 4, os fatos que foram registrados ontem e segunda-feira, quando surgiu a notícia de que a votação seria na quarta – hoje, portanto, – e não na terça – ontem. Depois, veio a negociação e o acordo. Vai para a pauta do Senado de hoje, terá emendas e volta para a Câmara Federal, para votação em plenário, na semana que vem. Pelo menos, espera-se que seja semana que vem mesmo!

De outra parte, onde estão os integrantes da bancada gaúcha no Congresso Nacional? Todos eles, senadores e deputados?

Imagine o leitor que o deputado estadual Frederico Antunes – frise-se, deputado estadual -, encampando a ideia, marca mais presença na questão do que os federais nesta fase do processo, ombreando esforços com Ana Amelia e, incrível se ocorresse há tempos atrás, o próprio Marco Maia. PP e PT juntos? Isso mesmo, e com galhardia, pois estão sendo tratados os interesses de uma população, de uma fração de brasileiros e esse é o entendimento de Maia, autor do projeto, de Ana Amelia, de Frederico e, por certo de outros tantos. Não parece, ao menos até agora, ser a compreensão de outros agentes políticos. Maia dá uma demonstração muito clara de seu entendimento e, por certo, garantirá, no futuro, sua reeleição, pela qualidade de agente político que é, preocupando-se com a gente de fronteira, onde ele poucas vezes foi convocado a vir. Ana Amelia e Frederico também, na mesma linha de raciocínio, embora sejam praticamente santanenses.

O incompreensível é que antes deles, ninguém havia chegado na também gaúcha (pelo menos de coração) Dilma Rousseff – cujo governo, diga-se de passagem, em 90% das áreas, é bem melhor do que o de seu antecessor, o lendário Lula – para deixar muito claro que se trata de um projeto que vai beneficiar uma região deprimida como a faixa de fronteira. Pode ser um dos elementos importantes para reduzir a miséria social e econômico-financeira.

Ana Amelia Lemos chegou a dizer: “Mudo meu nome se a presidente, sensível à realidade, não sancionar”. Agora, depois da negociação, não parece ter sido a presidenta a autora do pedido de adiamento, das manobras para entravar a pauta, enfim, de tudo o que atrasou o andamento do projeto até aqui. Mas quem seria?

 

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