PARALÍMPICOS, OUTRA BOBAGEM

De repente, a imprensa brasileira passou a adotar a nova grafia para os Jogos Paraolímpicos e a nossa tendência para seguir a manada logo se fez sentir nos textos, nas manchetes e nas vozes de entrevistadores e entrevistados. Quando os Jogos Paraolímpicos começaram ainda eram “paraolímpicos”, mas na metade da competição houve a modificação gráfica, como se alguém com suprema autoridade decretasse que os jogos seriam grafados, na língua portuguesa, como “paralímpicos”.

Na verdade, a determinação teria partido do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) com a finalidade de se assemelhar ao nome oficial da entidade International Paralympic Committee (ICP), uma absoluta bobagem e uma demonstração da afirmação do escritor Nelson Rodrigues quando falava de nosso complexo de vira-lata. Quem escreve na grafia determinada pelo CPB confirma a tese humorística de Nelson Rodrigues.

O professor Pasquale Cipro Neto não aceita a nova tolice da mídia de cabresto e diz que o “para” que antes grafava os jogos que sucedem a Olimpíada vem do grego e tem o sentido de “junto, ao lado de, ao longo de, para além de”. O conceituado professor de Português lembra, ainda, que o Dicionário Houaiss define muito bem o significado de “para”.

“Esse prefixo – lembra – ocorre no sentido de “proximidade” (“paratireóide”, parágrafo”), de “oposição” (“paradoxo”), de “para além de” (“parapsicologia”), de “distúrbio” (“paraplegia”, paralexia”), ou de “semelhança” (“parastêmone”). Logo, os jogos são paraolímpicos por que são disputados à semelhança dos olímpicos.

Vamos adiante. Diz mais o professor Pasquale Cipro Neto. “A formação de “paraolímpico” é semelhante à de termos como “grastroenterologia”, “gastroenterite”, “hidroletérico, das quais existem formas variantes, em que se suprime a vogal-fonema final do primeiro elemento (mas nunca a vogal/fonema inicial do segundo elemento): “gastrenterologia”, “hidrelétrico”, “socieconômico”.

“O uso não registra preferência por um determinado tipo de processo: se tomarmos a dupla “hidroelétrico/hidrelétrico”, por exemplo, veremos que a mais usada, sem dúvida, é a primeira; se tomarmos “socioeconômico/socieconômico”, veremos que a vitória é da primeira.”

Agora, o importante para a grafia correta dos tais jogos de Londres. “O fato é que em português poderíamos perfeitamente ter também a forma “parolímpico”, mas nunca “paralímpico que, pelo jeito, não passa de macaquice”, garante o professor Pasquale.

“O CPB fez pressão para que se adotasse a bobagem, digo, a forma americanoide, anglicoide ou seja lá o que for. A farsa é tão grande que, em algumas emissoras de rádio e de TV, os repórteres (que seguem ordens superiores) se esforçam para pronunciar a aberração, mas os atletas paraolímpicos logo se encarregaram de pôr as coisas nos devidos lugares, já que, quando entrevistados, dão de ombros para a bobagem recém-pronunciada pelos entrevistadores e dizem “paraolímpico” e paraolimpíada”, encerra o professor Pasquale.

MAIS BOBAGENS (1)

A essa demonstração de complexo de vira-lata poderiam se juntar outras tolices dita e repetidas pelos adeptos do new journalism, tais como “risco de morte”, “com certeza”, além dos clássicos erros de português quando lemos “mais” em vez de “mas”, “mau” no lugar de “mal” e vice-versa.

MAIS BOBAGENS (2)

Sem falar que todos os dias lemos e ouvimos jovens jornalistas confundirem o inconfundível metro quadrado com quilômetro quadrado ou com hectares. E bilhões com milhões. Mas aí o caso dos escribas não terem conhecimento, não é do idioma pátrio, mas de noções de aritmética e do nosso sistema métrico decimal.

ENFIM, O BOM SENSO

O governo estuda uma medida para reduzir o imposto para veículos com motores modernos e que gastem menos combustível. Isso significa que carrões potentes com motores com 300 ou 400 HPs deverão pagar mais impostos. Roncos poderosos das máquinas importadas custarão mais caros.

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