Administração em tempo de Eleição

Considerando que no dia 9 de setembro se comemora 47 anos da regulamentação da profissão de “Administrador”, parabenizamos todos os profissionais da nossa região que a exercem, e lembra-se a sociedade do seu papel relevante no desenvolvimento das empresas e do Brasil. Aproveito a oportunidade para fazer umabreve reflexão sobre o tema gestão principalmente no setor público considerando a proximidade do processo eleitoral a nível municipal.

Tornou-se praxe nos dias atuais falar em gestão como uma prática “mágica” para resolver todos os problemas empresariais. Conforme o dicionário gestão significa ato de gerir; gerência; administração. Na realidade, tudo que implica organizar com um propósito, precisa de gestão, logo se comprova que é uma competência da ciência da administração. Portanto a gestão é o modelo de administração direcionada a obtenção de resultados. Não há nada mais freqüente no âmbito empresarial do que a queixa: “Temos a estratégia e o plano de ação, mas não conseguimos executar”. Mas, gestão é resultado, não esforço. É comum dizer que o gestor concentrou todo seu esforço a serviço da empresa e mesmo assim não obteve êxito no seu propósito. É natural colocar o foco no esforço. É natural porem errado, gestão existe porque o que tem de ser feito não surge naturalmente, e não depende somente de esforço, mas principalmente de planejamento, organização, coordenação, direção e controle de todo o sistema, que são as funções da administração preconizadas por Fayol. Portanto Gestão é Administração e seu resultado depende do método científico da ciência da administração. O modelo do personagem Mcgeiver (Os mais experientes lembram-se deste seriado na Televisão) se enquadra no conceito contemporâneo de gestão: foco absoluto no resultado com os recursos disponíveis. Alocar recursos escassos é da essência da gestão, mas não é indolor e torna-se um tormento ao gestor, pois ma maioria das vezes se gasta a maior parte do tempo trabalhando em prol de aumentar os recursos. Não devemos focar as soluções apenas no incremento das receitas, mas principalmente na racionalização de custos, aumento da produtividade e maximização da qualidade, entre outros. Talvez seja este o paradigma do setor publico, pois o setor privado não tem escolha, precisa sobreviver à concorrência e a competitividade e de nada adianta intentar majorar preços, visto o mercado é o balizador.

No setor público a falta de mentalidade “gestão” faz com que se coloque o foco no esforço e não no resultado. Esforço é irrelevante do ponto de vista gerencial, para obter resultados temos de traduzir propósitos em medidas de desempenho. É mais fácil medir o que se põe no sistema do que aquilo que se quer obter como resultado. Obter resultado em qualquer coisa implica primeiro concordar sobre aquilo que se quer obter, e, depois, traduzir essa coisa em medidas concretas de desempenho. Medir o desempenho, os resultados é que refletem a gestão, seja na iniciativa pública ou privada.

Idalberto Chiavenato salienta que toda organização deve ser analisada sob o escopo da eficiência e eficácia, ao mesmo tempo. Estes princípios na legislação na Gestão Pública foram incorporados quando da aprovação da Emenda Constitucional Nº 19 de 04 de junho de 1998. Cabe destacar que a eficiência não se preocupa com os fins, mas apenas com os meios, ela se insere nas operações, com vista voltada para os aspectos internos da organização. Logo, que se foca em atingir os fins, em atingir os objetivos é a eficácia, que se insere no êxito do alcance dos objetivos, com foco nos aspectos externos da organização. Mas nem sempre se é eficiente e eficaz ao mesmo tempo, uma organização pode ser eficiente e não ser eficaz e vice-versa. O ideal é ser igualmente eficiente e eficaz. Um exemplo oportuno é no caso do futebol, eficiência é jogar com arte, enquanto eficácia é ganhar o jogo. Conforme Torres, (2004:175) a gestão contemporânea incorporou um terceiro conceito, trata-se da efetividade, especialmente válida para a Administração Pública. A efetividade na área pública, afere em que medida os resultados de uma ação trazem benefício à população. Ou seja, ela é muito mais abrangente que a eficácia, no sentido em que esta indica se o resultado foi atingido, enquanto a efetividade mostra se aquele objetivo trouxe melhoria para a população focada. Pode-se ilustrar este conceito quando o gestor público avalia o processo positivo em resultados, mas a população não tem a percepção ou avalia que tais resultados não lhe trouxeram benefícios.

Finalizando este ensaio constata-se que existe necessidade de se praticar a Administração pública com eficiência, eficácia e efetividade. Os pressupostos da teoria gerencial contemporânea podem ser adotados por qualquer governo, seja nos âmbitos da esfera federal, estadual ou municipal. 

Prof. Ney Edilson Nogueira

Urcamp – Campus de Livramento – Curso de Administração

Delegado do CRA/RS

Vice-Presidente ASAD

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