O que vem de berço, mesmo?

Nada mais próprio, aliás, considerando que 2012 é um ano eleitoral e, ao mesmo tempo, estão em voga questões educacionais, seja no que tange ao papel da União e Estado em relação aos professores, sua carreira e salários; seja no que tange ao papel da família no processo educacional. Rápido levantamento sobre a repetição de ano e a evasão escolar (haja vista que os já conhecidos números negativos registrados pelo Rio Grande do Sul em nível) aponta justamente sobre a questão familiar. E talvez um dos principais temas para a reflexão seja o papel que os pais têm na garantia de um futuro para seus filhos. Cada cidadão, pelas informações que recebe, está a se questionar sobre os conceitos de liberdade e respeito com que devem ser criados os filhos, no mundo moderno.

O que deve ser respeitado: atender a todas as vontades, confiar sem questionar, ou limitar, para proteger? E, nesse caso, até que ponto a limitação é proteção e a partir de onde passa a ser cerceamento do livre arbítrio?

Realmente, quem é pai deve passar poucas e boas na tentativa do autoconvencimento sobre o acerto da decisão tomada. A intensa violência, que hoje ronda todos os setores da nossa sociedade é mero reflexo de uma liberdade confundida e quase sem freios que toma conta de uma juventude preocupada apenas em escolher o melhor tênis ao invés de escolher o melhor livro.

Parece uma tarefa simples essa de tentar achar culpados para os adultos à margem da sociedade, porém, em um sistema que pouco valoriza a educação e dá ampla divulgação à bestialidade, o lógico é que todos coloquem o dedo na moleira e assumam sua parcela de culpa, especialmente aqueles que sequer têm interesse em acompanhar o que acontece no cotidiano dos filhos nos vários ambientes em que estes frequentam. Seja nas ruas, casa dos amigos, praças, escolas, enfim…

Depois, no futuro, de nada adianta chorar o leite derramado, pois há para tudo um tempo para que sejam feitos os consertos, o difícil é cada cidadão achar e entender dentro de si que esse tempo chegou e é agora.

O pai e/ou mãe que não se interessa nesse acompanhamento é o mesmo que “libera” o carro ou a moto para o filho circular pelas ruas, mesmo não tendo experiência, CNH, habilidade e entendimento suficiente, aos 14, 15, 16, 17 anos. O resultado desse não acompanhamento será de pais chorando pelo desaparecimento precoce de seus filhos, o que irá se tornar algo natural, afinal de contas, o que antes via-se como absurdo, é hoje tratado com a mais absoluta naturalidade por todos.

O que outrora era coibido pela ação dos pais e/ou responsáveis e familiares, hoje é normal.

É normal brigar com o professor em sala de aula. Ofendê-lo, inclusive.

É normal beber ou fumar.

É normal ir para a festa sem que ninguém saiba onde estejam.

É normal jovens desmanchando seus corpos em torneios relâmpago sobre suas motocicletas. É normal jovens despedaçando seus corpos em brigas em locais que deveriam servir apenas como diversão, mas não passam de ringues disfarçados. É normal saber que jovens entendem muito sobre drogas, porque certamente já experimentaram algum tipo. É normal o sexo precoce sem qualquer cuidado. É normal jovens de 13 anos serem pais.

Passou a ser “normal” a anomalia, a exceção virou regra.

O futuro está sendo construído. Cimentado pela inconsequência e tendo a irresponsabilidade como esteio.

E ainda falam em educação…

 

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