A questão do lixo espalhado

O assunto, em tempos de campanha eleitoral, toma mais proporções. Aparece mais, sendo prato cheio para quem está buscando os votos. Interessante se realmente for feito investimento pesado para tirar das ruas, mais do que o mau cheiro ou a sensação de descaso, o visual completamente inadequado. O assunto não é dos mais novos, tampouco é bandeira deste ou daquele partido. Representa um problema de certa gravidade no cotidiano da cidade.

De certo. Há necessidade de solução a curto prazo.

Existe, porém, um circuito de condições desagregadas. Quando há investimento para colocação de papeleiras, coletores de lixo, assim como outros locais para ser depositado o material – mesmo que não classificado ou separado – surgem variáveis indesejadas. O vandalismo é a mais grave delas, pois detona os recipientes públicos. A falta de senso comunitário de alguns dos cidadãos é outra, pois mesmo tendo, a alguns passos de onde estão, um recipiente, não hesitam em jogar no chão. Agregados a esses dois eventos centrais estão as ações dos indigentes – que reviram lixo em busca de restos de comida-; de mendigos – que procuram algo que possam utilizar -; cães de rua, atraídos pelo cheiro das bolsas e, eventualmente, gatos – os quais rasgam sacos e espalham os conteúdos pelas vias públicas.

Associe-se a isso o fato de uma significativa parcela de usuários do serviço de coleta posicionar as sacolas de lixo para os coletores recolherem com várias horas de antecedência em relação à passagem dos caminhões, inclusive, de um dia para outro. Essa prática, evidentemente, permite que essas sacolas sejam manuseadas indevidamente, rasgadas e seu conteúdo exposto e espalhado.

Naturalmente, é preciso que a cidadania assimile o conceito de limpeza. Um local limpo não é o que se limpa mais, mas o que se suja menos; não é o que reúne menores quantidades de lixo, mas o que não detém essas quantidades espalhadas. Passado o Dia Mundial do Meio Ambiente, com a constatação da prática de colocação de lixo nos mais variados locais, desde córregos, arroios, bocas de lobo, vias públicas, vias da região da divisa, entre tantos outros; evidencia-se a necessidade de entendimento dos pontos básicos, quais sejam a conscientização e o trabalho conjunto, com uma reeducação de fundamental importância para reduzir a incidência do lixo espalhado. É uma responsabilidade que deve estar compartilhada entre instituições e sociedade, poder público e cidadania. E, somente assim, com nova conceituação, mudança cultural e entendimento, será possível uma cidade agradavelmente limpa.

Trata-se, portanto, de uma realidade que precisa sofrer o impacto da mudança em benefício de todos, mas, para atingir essa finalidade, depende de todos e de cada um simultaneamente. É a atitude individual que precisa ajuste e esta somente provém a partir de um entendimento diferente, da concepção de que a atitude de um reflete sobre o que acontece com todos.

A partir da atitude individual e seu reflexo no todo, reduz-se o impacto negativo que gera tantas reclamações e queixas, a maioria proveniente daqueles que buscam, conscientemente, cumprir com seus deveres – mas, em alguns casos, também provenientes de quem não cumpre.

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