Você sabe o que consome?

Alimentos vendidos na rua devem estar de acordo com padrões da Vigilância Sanitária 

O menino Cauã se deliciando com um cachorro-quente no fim da tarde

Você costuma comer lanches na rua? Já reparou se o local possui higiene adequada e se os alimentos são frescos? Pode parecer bobagem, mas o consumidor é o principal fiscal desses locais. Quando a lancheria está fora das regras estabelecidas pela vigilância sanitária, o comprador corre sério risco de contrair infecção intestinal ou a conhecida “virose”, ocasionando vômito e diarreia, tudo por causa da má conservação dos ingredientes armazenados nesses locais.

De acordo com o coordenador da vigilância sanitária, Leonardo Chuy, todos os estabelecimentos que comercializam alimentos devem possuir alvará sanitário válido por um ano. Os comerciantes devem entrar via protocolo anexando a documentação referente à parte sanitária, como o exame médico de manipulador, controle de pragas e vetores, além do condicionamento do alimento. “O ambiente deve ser higienicamente sadio. Três tópicos são levados em conta nas nossas visitas: o manipulador, a higiene do local e a saúde”, explica.

Quando uma dessas três exigências não está sendo cumprida, é feito o auto de infração, que pode gerar interdição total ou parcial do local, dependendo da gravidade do problema encontrado. “Tem todo um processo sanitário. Após o auto de infração, o dono do estabelecimento sofre um processo administrativo sanitário, em que o indivíduo tem 15 dias para recorrer. O autuado tem amplo poder de defesa. Passados esses 15 dias, o funcionário faz um relatório do que viu no local, o coordenador, que é o Leonardo, julga e dá a penalidade ao local, que pode ser interdição, cassar alvará, ou até mesmo uma advertência”, explica a técnica sanitária.

Coordenador da vigilância sanitária, Leonardo Chuy, e técnica
sanitária, Andrea Pereira

A vigilância sanitária é responsável pela fiscalização dos comercializadores de alimentos, como restaurantes, lancherias, vendedores ambulantes, supermercados, além de locais da área da saúde. Para realizar este trabalho, a vigilância conta com cinco fiscais e duas técnicas em vigilância sanitária. Em relação aos condimentos industrializados para a fabricação de cachorros-quentes, por exemplo, a orientação dada pela técnica sanitária Andrea de Lima Pereira, é de que se mantenha as bisnagas dentro de uma caixa de isopor com gelo, embaixo, conservando a temperatura ideal.

“Trabalhamos muito na questão de denúncias. O consumidor ajuda muito fiscalizando o local e denunciando a irregularidade vista. O que sempre aconselho é que diante de um ambiente sanitariamente incorreto, não compre, esse é um auxílio que o consumidor também nos dá”, enfatiza Leonardo.

Sobre a realidade da cidade vista pelos fiscais, Leonardo diz que é um trabalho longo, que vem sendo trabalhado há mais de três anos. “O problema que mais vemos é relacionado às boas práticas, as pessoas só fazem boas práticas quando o pessoal vai lá. Mas isso é um processo contínuo, de todos os dias. Fiscalizamos a não contaminação do alimento. O consumidor deve consumir ou levar alimentos saudáveis”, diz Leonardo.

Segundo o coordenador da vigilância sanitária, hoje existem 1091 manipuladores cadastrados que fizeram sua carteira de saúde. No entanto, o manipulador é o principal contaminador do alimento vendido. “Se o manipulador possui um corte infeccionado na mão e manuseia o alimento, automaticamente ele pode estar transmitindo estafilococos e o consumidor adquirir uma DTA (Doença Transmitida por Alimentos), que causa vômito ou diarreia. 

MANIPULADOR DE ALIMENTOS  

Pessoa que entra em contato direto ou indireto com o alimento.

- Deve fazer exame de saúde 1 vez ao ano, no mínimo;

- Manipuladores com lesões ou sintomas de doenças devem ser afastados das atividades;

- Ter o máximo de higiene;

- O uniforme é de uso obrigatório, deve ser de cor clara, sem botões e sem bolsos;

- Os sapatos devem ser fechados de couro ou borracha;

- As mãos devem ser lavadas periodicamente com sabão neutro e toalha de papel descartável;

- As unhas devem ser curtas, limpas e sem esmalte, nem anéis, pulseiras ou outros adornos;

- É obrigatório o uso de touca ou rede, para prender o cabelo;

- Homens sem barba ou bigode;

- Não fumar na área de manipulação. 

Os profissionais estão dentro das regras

Dos estabelecimentos visitados, todos possuíam alvará da vigilância sanitária e funcionários treinados 

Antes de ir para casa, trabalhadores não dispensam um cachorro-quente no fim da tarde

Uma das proprietárias do trailer “As Manas”, Margarete Oliveira está no local há sete anos, mas atua no ramo há 12. Comercializando suco natural e lanches em geral, ela acredita que o maior cuidado que deve ser tomado está relacionado à limpeza do local. “Aqui tenho água e luz, procuro conservar tudo sempre muito limpo”, conta Margarete.

Margarete fez treinamento na cidade de Rio Grande, e lá aprendeu técnicas de conservação de alimentos e principalmente a manter a higiene nas mãos. “Devemos usar um par de luvas para cada alimento e lavar sempre as mãos. Não adianta usar todo o dia a mesma luva”, alerta.

Com os alimentos preparados por ela, Margarete faz questão de tomar cuidado, comercializando somente aquilo que é preparado no dia. “Temos que ter noção da quantidade vendida. Só vendemos mercadoria feita no dia”, esclarece.

Jéssica Tamara trabalha há três meses como funcionária em uma microempresa, porém conta que já possui experiência pois sempre trabalhou nessa área. Para trabalhar com lanches, Jéssica possui carnê de saúde, e tem que manter em dia a vacinação, por exemplo, contra hepatite, gripe e tétano.

Margarete Oliveira trabalha com venda de lanches há 12 anos

No local em que trabalha, Jéssica explica que todos alimentos são feitos no mesmo dia em que são comercializados, e para manter a higiene são utilizados avental, luvas e touca. “Também não usamos anéis, pulseiras nem unhas compridas ou com esmalte”, conta. Além disso, Jéssica conta que a clientela é bastante exigente e fiscaliza, principalmente quando vai pagar o alimento. “Primeiro entregamos o alimento e logo após tiramos as luvas para receber o dinheiro. Nunca misturamos o dinheiro com o alimento, para não contaminar”, ressalta.

Patricia e Ivana trabalham com venda de cachorro-quente e, para isso, munem-se de jaleco branco e cobertura na cabeça, o que segundo elas, é fundamental para quem trabalha com alimentos. Além disso, o carrinho e a rua são lavados todos os dias. “Mantemos a higiene lavando o carrinho e a rua todos os dias. Afinal, nenhum cliente gosta de comer no meio da sujeira”, dizem. Com relação ao recebimento do dinheiro, elas contam que geralmente uma fica responsável pela preparação do cachorro-quente e a outra por receber os valores.

Regularizadas, Patricia e Ivana possuem a carteirinha de saúde e mantêm em dia as vacinas contra hepatite, tétano e até gripe.

Nutricionista tira dúvidas sobre consumo de fast food

A nutricionista Rosana Velazquez Schultz

Segundo ela, a falta de tempo é um dos principais fatores que ocasionam o consumo exagerado de lanches rápidos 

Os “viciados” em lanches devem estar atentos aos prejuízos causados pelo consumo exagerado de produtos industrializados, presentes na grande maioria dos alimentos vendidos na rua. A nutricionista funcional Rosana P. Velazquez Schultz (CRN2 1931) respondeu a algumas questões relacionadas ao assunto. 

A Plateia: Por que não é aconselhável comer lanches diariamente?
Rosana: A alimentação é uma das atividades mais importantes do ser humano, tanto por razões biológicas óbvias, quanto pelas questões sociais e culturais que envolvem o ato de comer. Nas refeições, devemos observar a qualidade, a quantidade, a harmonia e sua adequação. A falta de tempo para se alimentar já virou rotina no dia a dia de determinadas pessoas, principalmente pela falta de hábito, as pessoas acabam pulando refeições importantes, como por exemplo o café da manhã, acarretando assim uma fome desenfreada no almoço ou à tardinha.

Principalmente o jantar, merece uma atenção especial, pois a facilidade de obter lanches “saborosos” rapidamente, está fazendo com que as pessoas deem preferência a lanches à noite do que refeições. Lanches rápidos como cachorro-quente, um hamburger ou uma fatia de pizza, acabam tomando lugar de uma refeição. A adoção desse tipo de alimentação como hábito vem preocupando muito os profissionais da área de saúde, que condenam o alto valor calórico e o baixo valor nutricional dos lanches. Os lanches rápidos são tolerados quando feitos esporadicamente, sem assumir o papel de principal refeição do dia. 

A Plateia: Quantas vezes na semana uma pessoa pode comer um lanche na rua?
Rosana: Depende, uma pessoa bem nutrida, que gosta de fazer um lanche extra esporadicamente, ora para encontrar amigos ou desfrutar as delícias de algo diferente, com certeza sempre encontrará um momento extra de lazer. O que preocupa os profissionais da área de saúde é a frequência com que isso acontece. E pior, quando o lanche fora é mais importante que o lanche em casa. 

A Plateia: O que a pessoa deve observar quando vai comprar um lanche?
Rosana: As condições sanitárias que envolvem os alimentos. Não são em todos os locais que a procedência da matéria-prima e os cuidados de higiene no armazenamento e na preparação da comida são confiáveis. 

A Plateia: Quais são as “desvantagens” de consumir um lanche?
Rosana: Depende da frequência e das condições de saúde individuais. Este tipo de alimento possui uma grande quantidade de gorduras, sódio e se consumido com frequência pode ocasionar danos irreversíveis à saúde.

Recomenda-se a preferência por sanduíches naturais, acompanhados de saladas e sucos de frutas naturais. Portanto, se não for rotina, sendo apenas nos fins de semana, aproveite o que mais apetitoso for, faça a sua escolha, pois quem se cuida a semana toda tem o direito de extrapolar e fica tudo bem! Nada melhor, que o dia seguinte para desintoxicar! 

A Plateia: Que conselho você daria para uma pessoa que não consegue deixar o lanche da rua de lado? O que essa pessoa deve fazer para fazer essa reeducação alimentar?
Rosana: Em primeiro lugar, perceber-se, refletir como está o seu bem-estar, se está disposto, bem humorado, saudável, boa memória, peso adequado?

Bem, se está tudo bem, segue em frente. Mas se não, reveja seus conceitos e amplie seus valores sobre vida saudável! É simples, fácil e saboroso, basta querer, começar e se organizar!

No que se refere à qualidade de vida, é importante estar bem nutrido, ter uma atividade física, fazer o que gosta, trabalhar, ter amigos, família, amor e fé… Pois na justa medida, as coisas ficam boas e equilibradas.

Atualmente, temos no mercado da alimentação, muitos alimentos saudáveis e que servem de “escudos” de nossas vidas, os Alimentos Funcionais.

E antes de pensar em proibições alimentares, precisamos de opções…

Se nosso organismo está bem, se estamos satisfeitos, possuindo muita energia…

O bom é continuar fazendo escolhas inteligentes com atitudes sensatas e ecologicamente adequadas, obtendo desta forma saúde e muita imunidade.

Preservando a sua vida e a vida do nosso planeta!

 

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