A palavra potencial

Outro dia, na RCC FM, quando de bate papo no programa Conversa de Fim de Tarde sobre vinhos, com os empresários das marcas Rio Velho e Província de São Pedro, ficou evidente que há muito em Livramento que pode ser ainda mais desenvolvido. Mas, alerta!

Antes de mais nada, é fundamental fazer o dever de casa, ou seja, dar a conhecer e despertar o interesse dos locais para que possam propagar o que há de positivo. Ou seja, no cômputo, é preciso que a comunidade fronteiriça faça uma reflexão profunda sobre os motivos pelos quais não existe uma maior movimentação, em termos de turistas, vindo para o município – note bem, não se está falando em Rivera – trata-se de fazer com que o mesmo turista que vem pelo produto de Rivera, fique um pouco mais, fazendo trilhas nas estâncias do pampa, conhecendo o Topador onde Bento e Onofre pelearam, indo ao quartel do Caty, conhecendo o extinto Armour, os Plátanos da Guilherme Bond e o estilo americano que ainda predomina no bairro Armour, enfim, entre uma série de outros potenciais atrativos. Por que potenciais?

Por óbvio. Há muita riqueza turística em Livramento assim como está, mas é preciso potencializar esses atrativos – no sentido de dar potência, não de manter-se como há muitos, só como potencial, no sentio de poder desenvolver. Obviamente, deve-se sempre pensar e combater os pontos negativos, já de conhecimento público e que, inclusive, deveriam ser objeto de um mea culpa por parte dos gestores, agentes políticos, empresários e, enfim de cada cidadão, vez que pelo individualismo imperante, parece que associativismo para concretizar soluções é a última das políticas sociais que pode passar pela cabeça dos santanenses em geral. Não deveria ser assim.

Mas exatamente porque já são aspectos conhecidos é que se deve afastá-los na hora em que se buscar alternativas para o desenvolvimento no setor. No entanto, é preciso que as causas dos entraves desse desenvolvimento sejam muito bem esclarecidos. E, aprentemente, residem exatamente na cultura de fronteira, da lei que pode ser facilmente reinterpretada dentro do conceito de que a necessidade justifica as chamadas pequenas contravenções.

Ocorre, por desconhecimento e desinteresse até, de as pessoas prestarem erradamente informações relevantes e necessárias aos turistas brasileiros que vêm em grande número à Fronteira para adquirir em Rivera produtos com padrão internacional de qualidade – em que pese tenhamos, aqui em Livramento, alguns até melhores. Exemplo? Os vinhos da Campanha-Fronteira, do Paralelo 31. Veja bem, esses turistas podem gastar um pouco ou até muito mais do que a cota estabelecida pelo Governo, e que acabam perdendo tudo o que levam porque tentam passar pela fiscalização com produtos em valor alguns poucos dólares acima da cota, tranquilizados até mesmo por alguns vendedores, mais interessados na venda do que na muito mais vantajosa fidelização do cliente…

Enfim, são apenas alguns exemplos de que há muito a ser feito pelo próprio cidadão fronteiriço a título de participação no desenvolvimento e no crescimento que ele mesmo quer para Sant’Ana do Livramento e Rivera. Além disso, o que impede Livramento e Rivera de realizarem eventos conjuntos, explorando sua característica geográfica e principalmente demográfica invejável, agregando com isso maior valor e atraindo turistas? O que impede Livramento de realizar um bom evento mensal, segmentado, também com vistas a fazer circular na cidade cada vez mais dinheiro externo? É preciso valorizar a essência local, com ousadias planejadas, criatividade e ineditismo, mas antes de mais nada, quem deseja vender a imagem da cidade, do ineditismo desta fronteira seca, precisa dos produtos. E estes somente surgem da organização, ações estratégicas e essencial envolvimento da comunidade, entre vários outros pontos.

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