Dúvidas e certezas do mensalão

Chegou o dia. Começa hoje o julgamento do “mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal.

Apesar das várias tentativas de postergação do processo, pelos advogados dos réus, o show começa no início da tarde.

Não é apenas o resultado final que interessa.

A TV do Senado vai ter uma audiência nunca antes alcançada na história do país.

E a TV Globo, com a veiculação de uma série de reportagens, preparou o terreno para garantir maior audiência na sua disputa com a Record, detentora dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos.

O jornalismo impresso também comparece.

No último final de semana, as revistas mais conhecidas chegaram às bancas com suas posições muito claras. Veja veio com uma capa negra, com José Dirceu como réu. E a Carta Capital trouxe uma denúncia contra o ministro Gilmar Mendes. Ele teria recebido dinheiro do valerioduto do governador mineiro Eduardo Azeredo, denúncia repelida pelo próprio Marcos Valério.

Carta Capital vai mais além, com um Especial de textos sobre o processo, um deles dizendo que o povo vai julgar, antes do STF, o procurador geral da República, Roberto Gurgel, por ter feito uma denúncia sem provas. 

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Há outras curiosidades e outros grandes interesses em jogo, além do resultado final.

O que vai preponderar: apenas o exame frio do que consta dos autos, ou o Supremo será sensível às questões políticas e à “voz rouca” das ruas?

Ele vai ter influência nas eleições municipais marcadas para este ano, seja qual for a sorte dos denunciados?

A presidente Dilma Rousseff conseguirá “blindar” totalmente o seu governo dos efeitos do processo?

A eventual condenação dos políticos mais famosos, como José Dirceu e José Genuíno, implicará num julgamento da “era Lula”, como querem alguns?

Ou mais uma vez o carisma do ex-presidente será capaz de superar tudo isso? 

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Pessoalmente, tenho curiosidade especial pelo torneio de oratória que vamos contemplar a partir de hoje.

Afora a manifestação dos ministros do Supremo, atuarão no julgamento alguns dos mais importantes e mais capazes advogados do país, como é o caso de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça e ex-defensor de Carlinhos Cachoeira, além de José Carlos Dias, também ex-ministro da Justiça, e Antonio Carlos de Almeida Castro, que atuou no processo da recente cassação de Demóstenes Torres.

A lastimar que não faça sua própria defesa o ex-deputado Roberto Jefferson, como ele chegou a cogitar. Esse trabalho será feito pelo gaúcho Luiz Francisco Corrêa Barbosa, o Barbosinha, conhecido e respeitado tribuno.

Lá estivesse, teríamos a chance de vê-lo a fustigar José Dirceu. A TV lembrou, esta semana, sua atuação no processo de cassação do ex-ministro, quando este desmentiu a existência do mensalão.

- Tenho medo de V.Excia. Porque V.Excia. provoca em mim meus instintos mais primitivos. –refutou Jefferson.

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