Pablo Lara vence no xadrez do Bobby Fischer mas o destaque e méritos ficam com o vice

Competição teve como organizador o Bobby Fischer Xadrez Clube

Pablo Lara sentindo a pressão de Castillo

Desta forma o – há muito tempo afastado dos louros da vitória que nortearam sua carreira nos anos 90 lhe conferindo a pecha de grande enxadrista e que poderia fazer frente aos imbatíveis na época Cardozo e o Paulistinha; o primeiro o tempo se encarregou de imortaliza-lo como “o Belo” e o segundo, bem este foi o responsável de colocar o nome de Sant’Ana do Livramento no cenário internacional e mundial como sendo nosso único jogador profissional de xadrez que tem seu nome no ranking da FIDE (sigla em francês da Federação Internacional de Xadrez que significa o seguinte – Fédération Internationale des Échecs). Trata-se de Nilo Cruxen que, a exemplo do Belo, sempre é um obstáculo difícil e quase intransponível. Porém não desta vez. Ambos sucumbiram – e como, ao novo estilo do velho, mas sempre talentoso jogador Oscar Pablo Lara que, dentre suas grandes deficiências sempre foi o jogo rápido. Ou melhor, era, pois neste último domingo ele conseguiu – no melhor estilo jogo de boliche foi derrubando seus oponentes na medida em que se apresentassem diante dele como simples e indefesos pinos.

No ritmo de 21 minutos em sete rodadas pelo sistema suíço de emparceiramentoo torneio comemorativo aos 198 de Sant’Ana do Livramento teve como palco a sala vip do Tropeiro Restaurante – do empresário do ramo gastronômico Luiz Reis que fica em anexo ao Hotel Palace – no novo e seleto reduto do xadrez do Mercosul e que já abrigou grandes eventos e projeta outros tantos possíveis a partir do segundo semestre. O evento que teve a promoção e arbitragem do Bobby Fischer Xadrez Clube recebeu o apoio da provedora de internet Via Expressa e cumpriu mais uma novidade. No decorrer do torneio a organização disponibilizou a

Roberto Castillo no momento da grande decisão

todos – chocolate quente num oferecimento do enxadrista Evaldo Saymom. O BFXC premiou com os campeões de cada categoria com um kit da Xalingo (jogo oficial com peças etabuleiro) além de medalhas até o terceiro lugar.

Porém, para Pablo, o título teve outras recompensas além de vencer seus arque e centenários rivais – Belo e Nilo. Ganhou preciosos pontos que o conduziu ao topo do ranking do BFXC.

No entanto, se engana aquele que pensar ser apenas este dois os algozes que impuseram alguma dose de dificuldade a Pablo; não, na luta também estavam a dupla de campeões da cidade de Bagé, Ignácio Marrero e Emílio Mansur, além de outros tantos e renomados enxadristas como o campeão de Rivera Chico, Alberto Félix Maidana, do heptacampeão departamental e fenômeno Diego Pelaez, do tetracampeão gaúcho Valmir Souza, dos sempre temidos Tiago Braz e Oscar Rodrigues. Realmente os obstáculos de Pablo não foram poucos.

O grande exemplo de desportividade 

Contudo, o grande nome do torneio de aniversário de Livramento chama-se Roberto Castillo, mais conhecido como ídolo riverense – que foi o único a não perder para o campeão. Cabe aqui uma reflexão. Era a última rodada e Castillo, talvez se valendo do possível cansaço ou esgotamento mental de Pablo, isso jamais saberemos ao certo – tinha seu adversário no cadafalso. Lara estava com a corda no pescoço. Bastava para Castillo puxar a alavanca e saborear aquele momento de glória. Mas pensou. Que mérito teria se mesmo com a vitória Pablo já era o campeão e ele o vice. Seria uma vitória sem o doce sabor do título. Imaginou os cumprimentos que receberia e novamente o reconhecimento em via-pública que outrora lhe conferiram manchetes em jornais de Rivera e fotos com autógrafos em plena Avenida Sarandi. Logo parou. Observou ao seu redor. Sua mesa de jogo esta cercada por curiosos e sedentos jogadores torcendo por um massacre que talvez falsamente satisfizesse os que conheceram o sabor amargo da derrota para Pablo. Fitou Pablo nos olhos, virou para o relógio e a posição das peças no tabuleiro. Tudo ao seu favor. Teria que tomar uma decisão. Uma questão pessoal. Se por um lado ele daria prazer aos espectadores – teria uma vitória que valeria um ponto é bem verdade, mas só isso. Fez o que imaginou o correto. Negou-se a vencer. Estendeu a mão e ofereceu o empate que para ambos teria um significado completamente diferente. Até que ocorra uma nova coincidência onde Castillo possa se dar o luxo de guardar e cobrar de Pablo esta derrota que não o aplicou “por respeitar sua história” – o ídolo riverense poderá andar de cabeça erguida e orgulhoso em sua cidade que o acolheu e reconheceu. Para Plablo a realidade é outra. Até que voltem a se enfrentarnum torneio valendo rating e outros prêmios terá que baixar a cabeça e reconhecer a atitude grandeza e humildade de seu compatriota.

 

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