Dilemas diferentes

Está em foco a busca pelo voto. As arregimentações por parte dos candidatos, visando a multiplicação dos votos, começam a se acentuar a partir dos contatos nos bairros e vilas. Em simultâneo, percebe-se que não há uma única tendência no que tange a eleição deste ano. Há muitos temas, conforme os eleitores, para discutir a Sant’Ana do Livramento pós 7 de outubro de 2012.

Se por um lado permanece o desejo de menor participação possível, por outro, há o anseio de uma cidade melhor. Se por um lado está clara a prática do envolvimento mínimo, especialmente nas instâncias partidárias, por outro, evidente fica que as pessoas gostam de falar de política, dizendo que não gostam de política.

Outro dualismo. Se não gostam de política, precisam da política. Curioso. Típico da diferente Sant’Ana do Livramento, que registra – e não é privilégio da cidade, pois ocorre em qualquer outra – aqueles que desejam tão somente ganhar dinheiro com a política, aqueles que, se houvesse uma profissionalização legal e regimentada, seriam profissionais, e há uma infinidade de outros perfis disputando. Quando alguém acusa os santanenses de não participação – entre eles aqueles que determinam decisões importantes a respeito do próprio futuro da comunidade -, muitas pessoas ficam enraivecidas. Mas é preciso constatar o fato de que em termos de participação, a cidadania está bem aquém do que seria considerado o desejado e perceba-se que julho já foi. Está quase chegando a metade da campanha.

A cidadania não está interessada de fato, em escala. Não que não tenha motivos para tanto, quando o assunto é essencialmente política, porém, o grande problema é a generalização, mas é fato que a participação popular é derivada de um entendimento de reduzido número de pessoas, por enquanto. Seja pela necessidade que tem o cidadão de preocupar-se com seu cotidiano, seus afazeres, enfim, sua vida dentro de questões para ele emergenciais; seja pela confusão que existe na cabeça das pessoas entre má política (e a corruptela, politicagem) e a política legítima, que é concebida para melhorar a vida do cidadão; governo, ideologia, partidarização, entre outros elementos; está claro que é preciso, cada vez mais, incentivar as pessoas a emitirem suas opiniões.

Exercício da cidadania parece de difícil compreensão para uma significativa parcela da população, cujo grau de entendimento, até em função de outras preocupações justificáveis – como a vida cotidiana, as necessidades, as buscas pessoais, a família, enfim, tantas outras – não está apurado. Por outro lado, também é preciso reconhecer que nas conversas do cotidiano as pessoas falam de vontades e expressam desejos de transformações radicais, soluções efetivas para as mazelas do dia a dia. Claro que muitas reconhecem que isso constitui um processo, o qual, com a participação da cidadania, torna-se mais célere.

Dentro dos preceitos constitucionais, a partir do conceito de democracia, deveria, pelo menos, ser natural, a participação cidadã, nos instrumentos existentes – como os conselhos municipais, entidades representativas, entes associativos, etc… Entretanto, hoje, não há essa naturalidade. A frase mais ouvida é que a pessoa “não quer se incomodar”. Há esse perfil, assim como existe aquele que prefere a zona de conforto, entre outros diversos e diferentes tipos de cidadão.

Muitos acusam os acontecimentos do cotidiano político, porém, raros são aqueles que, respeitosa e dedicadamente, exercem o poder fiscalizador, buscando informação, assistindo sessões legislativas, por exemplo; chamando para si próprios a responsabilidade de medir os resultados daquilo que seu voto tornou possível na eleição anterior.

Ao fim e ao cabo, algumas conclusões. Há lobos em pele de cordeiro, sim, mas também há gente de excelente índole, humildade e bons desejos buscando fazer algo. Outra: há aqueles que já mudaram o perfil, “saindo de órbita”, mesmo ainda não tendo sido eleitos. Há, entre os cidadãos, aqueles que tão somente criticam – a tudo e a todos – porém, negam-se a participar do processo, de qualquer forma como seja.

Dilemas da diferente Sant’ Ana.

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