O dilema do DAE

O Departamento de Água e Esgotos registra um dilema. Não daqueles simples, mas extremamente complexo. De tempos para cá, vem faltando água nos mais diversos pontos da cidade; entre outros, na Vila Argilês, Armour, Vila Municipal, centro da cidade, a menos de cinco quadras da sede da autarquia. Essa carência no abastecimento se dá de forma progressiva. Ou seja, cada vez falta água por um período maior de tempo.

Prova disso é que no fim de semana, mais precisamente no sábado, na Vila Municipal, nos locais mais altos (rua Vivaldino Maciel, Pedro Irigoyen, Sebastião Barreto, etc…, em direção ao Fortim) houve situações de casas que permaneceram sem o líquido precioso das 14 ou 15 até o fim da madrugada de domingo.

As reclamações, por óbvio, são naturais e o diretor presidente do DAE, Horácio Dávila Rodriguez, não se furta em assumir essa realidade e dar as explicações, a ponto de, se necessário, ligar de seu telefone convencional para o usuário/pagante e dar as explicações pertinentes. Isso é responsabilidade, é interesse, é boa vontade. Elogiável.

Na prática, porém, fica evidente que o sistema está apontando para o que poderá resultar em um colapso, dado o fato de que todo e qualquer invetimento leve tempo para se concretizar, como, por exemplo, os dois novos poços anunciados pelo prefeito Glauber Lima, na semana passada, e outros, que o próprio diretor da autarquia pretende realizar, captando recursos em Brasília.

O DAE sustenta que o aumento no consumo de água de forma efetiva – causado pelo aumento no número de economias (residências construídas) em função dos programas governamentais – é o principal responsável pela queda no nível dos reservatórios (poços). Associado a isso, o deficiente e praticamente desconhecido sistema de ligamentos hídricos de Livramento (mapa de rede) não permite saber quais os locais mais frágeis – o que por ação de terceiros, desgaste ou até mesmo pressão no encanamento acaba gerando vazamentos). Para completar, a alegação é de que não houve planejamento de expansão nos últimos 10, 20, 30 anos no que se refere à rede de abastecimento. O mesmo vale para o esgoto. Também é ponto ressaltado pelo comando da autarquia o fato de tratar-se de um sistema antigo, com muitos canos de ferro, ou seja, a rede de abastecimento atinge nível crítico de desgaste; além de não haver modernização nos sistemas de bombeamento – todas as bombas são elétricas.

Também é apresentado como argumento que a atual administração está realizando o processo de gestão e realizando o planejamento necessário para o futuro.

São todas justificativas e explicações pertinentes, reais, plausíveis. O DAE, hoje, é o legítimo rabo-de-foguete, uma batata quente. Embora não exista a vontade de qualificar assim, mas é a realidade prática, até porque, a tendência, salvo a construção de poços em tempo recorde – o que é pouco provável – é de que o consumo aumente ainda mais, haja vista o verão se aproximar.

As reclamações vão aumentar, certamente, pela ausência do serviço. E aí, constitui-se o dilema: ou resolve o problema com celeridade ou arca com o descontentameno da população, vez que, em que pese a pertinência, a compreensibilidade, a necessidade e a veridicidade das explicações, o usuário, que paga em dia sua conta, quer a água em sua casa.

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