Descuidos

Há situações do cotidiano social que conseguem catalisar perfeitamente a relação da Administração Pública com o cidadão. Normalmente, um paga impostos, taxas, respeita as leis e o regramento coletivo em troca do benefício geral, enquanto o outro tem a obrigação de administrar os recursos resultantes dos impostos e taxas recolhidas pelo cidadão para promover o benefício geral que é direito da sociedade. Ainda que se tenha ressalvas quanto a algum tipo de orientação político-ideológica ou a ações pontuais de aparente favorecimento de um ou outro setor, por exemplo, é impossível deixar de reconhecer o sentimento de simpatia que a grande maioria do povo brasileiro tem em relação ao governo federal, momentaneamente capitaneado pela presidente Dilma Rousseff. Isso também já aconteceu em outras oportunidades, quando o governo esteve sob a batuta dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva. E isso não se dá porque um ou outro órgão de imprensa ou pessoa de grande influência pública assim o imponha à cidadania. Muito pelo contrário. Trata-se de um sentimento resultante de um estado de coisas que é benéfico, em sua maior parte, à população. Se alguém discorda da ajuda dada pelo Governo à economia através do Bolsa Família, que injeta milhões de reais todos os meses nas mãos de pessoas que simplesmente sequer poderiam passar na frente de um pequeno comércio pensando em adquirir bens e serviços em razão da absoluta insolvência financeira. Com a “ajudinha” recebida todos os meses, porém, tornam-se “pagadores”, para usar um termo semelhante ao de uma famosa campanha publicitária de telefonia celular. E, em efeito cascata, acaba de beneficiar o pequeno comércio que então pode empregar mais pessoas, pagar melhor, melhorar seu estoque, enfim, e assim também injetar mais recursos na economia, vindo de uma forma ou de outra beneficiar também aquela pessoa que costuma posicionar-se contra a “doação” de recursos através do Bolsa Família. Essa é uma visão sistêmica inerente ao modo de atuação da Administração Pública. O gestor precisa enxergar a floresta. mas tem que cuidar da árvore. Em uma escala mais próxima, precisa, por exemplo, manter as ruas limpas, para tornar a cidade agradável para o cidadão, a fim de que ele perceba valorizada sua contribuição através das taxas e impostos, e ao mesmo tempo, melhorando a qualidade e limpeza das ruas, investe o setor público no desenvolvimento do turismo. Isso, para citar um exemplo. Pode ser aplicado também à questão da administração dos espaços no Cemitério Público Municipal, que mais uma vez envolve-se em uma polêmica de impacto extremamente negativo. É uma área que mexe diretamente com as emoções das pessoas, que se vêem fragilizadas pela perda de seus ente queridos. Por mais que se consiga explicar um fato como o “engano” em relação aos restos mortais ali sepultados, fica inquestionavelmente dificil de justificar e de fazer aceitar com serenidade. Volta nesse momento, com certeza, toda a dor inerente à perda. Perder um ente querido é extremamente dificil, e uma situação como a causada pelo “engano” em relação aos restos mortais que foram parar em um lixão, a mais de 200 km de distância, não deve ajudar em nada a melhorar o sentimento de simpatia da população em relação à Administração Pública. Na saúde, na educação, na estrutura urbana, na produção, enfim, em todas as áreas, o cidadão quer e merece ações positivas. As desculpas para justificar a incapacidade, ainda que momentânea, de cumprir essa missão, não mudam a realidade cotidiana.

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