Político não presta?

Deixar a política para os políticos ou aqueles que se dizem assim pode parecer o mais correto procedimento a ser adotado por um cidadão. Afinal de contas, política, em função das más características, acabou tornando-se pejorativo, enquanto seus agentes transformaram-se em sinônimos de corrupção, vantagens, abusos, rolos, picaretagens. Esse é o conceito de uma maioria.

Equivocadamente, a ocupação de espaços por parte dos maus (para usar uma definição de Rui Barbosa) se dá pela não participação, pelo desinteresse dos bons. Ou seja, mais fácil é o acesso dos corruptos, corruptores, ilícitos, desonestos sem o óbice dos corretos. A evolução é inegável. A involução também ocorre. Perceba o leitor que em Sant’Ana do Livramento há algumas situações que ultrapassam os limites do aceitável, gerando, mais do que indignação e revolta, descrença. Talvez – e apenas supondo nessa linha de raciocínio – seja o descrédito o elemento mais corrosivo, em se aplicando ao todo, em uma comunidade que pretende desenvolvimento social.

Associe-se a isso o desinteresse, o fato de uma significativa parcela das pessoas não darem nenhuma importância para as outras e, menos ainda, para valores, princípios, conceitos positivos.

O fato é que as pessoas, pelas notícias sobre os maus em profusão, decepcionam-se com o todo, procuram afastar de si o conjunto. Não diferem quem é bom, tenta mudar, quem é honesto e trabalha.

Um paga por todos, afinal.

A alegada honestidade não deve ser confundida com a legítima e nata honestidade. Esta não é uma virtude, é um traço de caráter. Ou se tem ou não se tem.

Honestidade não é vantagem competitiva para ser alardeada como currículo, é pré-requisito básico.

Valores e comprometimentos, associados a princípios e conduta deveriam ser a essência da política de forma, inclusive, a pensando no futuro, transmitir às crianças – geração em formação – valores. Em vez disso, diz-se a elas que política não presta e todos os políticos são ladrões, corruptos, entre outras cositas más.

Exemplo de lealdade inexiste, cumprimento da palavra empenhada é vitupério; falar em realizar seriamente projetos é prolixo. Afinal, todos acabam confundindo governo com pátria, nação com gente, partidos políticos com representatividade plena. Porém, há que existir a esperança, agarre-se aos valores. Àqueles que ainda restam pelo menos.

Os honestos o são por essência, jamais utilizando essa condição nata como qualifiação. Eles não misturam uma coisa com a outra. No Brasil, não! O entendimento é diferente.

Esquecem-se os cidadãos que a política está sendo feita no dia a dia, em cada palavra, gesto ou atitude, inclusive com o vizinho do lado. O exercício democrático da política se dá em cada momento de relação entre um e outro.

Não bastasse o desinteresse e o descrédito, mesmo no segmento educacional, poucos são os esforços no sentido de transmitir – vejam bem, transmitir, pois cabe ao estudante aceitar e até mesmo questionar o conhecimento que recebe – sobre a essência da coisa. Quando é feita a crítica, todos, da boca para fora, concordam, apóiam, dizem que e´realmente preciso resgatar; mas, na hora de fazê-lo, é que a onça fica sem água…

Quando há a propagação das informações a respeito das falcatruas, a crítica sobre os agentes políticos, estes utilizam a estratégia do lobo em pele de cordeiro para parecerem os mais puros do mundo. O incabível transforma-se em justificativa; o descabido vira ataque.

Enquanto isso quem detém a honestidade mais se enoja com seus semelhantes, mas jamais pensa em ocupar os espaços de modo a evitar que esses criticados não mais retomem a condição de poder.

Não. Não é verdade que o poder corrompe. Só se deixa corromper aquele que já traz, na essência, o senso de corrupto. Se este assunto interessa, reflita.

Mas, se isso não interessa… paciência. Afinal…

Político não presta, não é mesmo?

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