Alex Garcia: exemplo de superação
Jovem surdocego, que acumula diversas atividades em sua rotina de lutar pela inclusão social, esteve entre os palestrantes de ontem
Alex Garcia é uma pessoa falante, que em um primeiro momento não deixa transparecer as suas limitações: a falta de visão e audição. Mas nem mesmo estas limitações fizeram com que este jovem não vencesse na vida e, hoje, ministre palestras em várias cidades, sempre abordando temas como a acessibilidade e exclusão. Dono de um extenso currículo, acumula diversas atividades.Exclusão social
Na palestra de ontem, Alex abordou o tema exclusão social e foi a fundo nas origens do fato, “a primeira atitude excludente que aconteceu na face da terra foi cometida por Deus, quando expulsou o diabo do céu, mandando-o para o inferno. Mas o que eu quero dizer com isso? Quero dizer que a inclusão está no controle, eu te excluo. Isso é exclusão, e parece que no nosso mundo está cheio de deuses, e nós temos que seguir rigorosamente o que eles dizem, senão, somos excluidos”, afirma inicialmente.
Ele acrescenta que a única maneira dos deficientes conquistarem seu espaço na sociedade é batalhando forte por este espaço. É necessário que seja construída uma identidade sólida. “Para construir uma identidade sólida sendo cego, cadeirante ou mesmo surdo, enfim, qualquer tipo de deficiência, o primeiro passo a ser dado é entender como a questão funciona. A socidade presupõe a identidade das pessoas portadoras de deficiência, que não conseguem se livrar desta presuposição que as marca por toda sua história, e ficam com o estigma de coitadinhas, pedintes entre outros. A sociedade quando me enxerga na rua, não dá um real, geralmente é assim. Quando veem um cego ou uma cadeirante, falam: “coitadinha…”. Isso é real. Acontece sempre. Nunca falam nada para nos levantar, somente nos diminuem”, relata.
Ele completou destacando que as pessoas devem ser avaliadas por seu caráter e suas atitudes e não pelo que aparentam ser. Para ele, a limitação de um deficiente não está na sua parte física, mas na sua capacidade de poder ser útil, e para isso, é necessário que todas as pessoas, portadoras de deficiência ou não, recebam oportunidades iguais de poder mostrar suas qualidades. Mas, para isso, deve haver a inclusão.
Alunos da APAS prestigiaram o evento com “tradução simultânea”
Sentados na primeira fileira do salão, estavam os jovens atendidos pela Apas – Associação de Pais e Amigos dos Surdos – Livramento.
Com a ajuda de dois professores, que através da linguagem dos sinais faziam uma “tradução simultânea” da palestra, puderam tomar conhecimento do que está sendo feito e também proposto a fim de incluir socialmente os portadores de necessidades especiais ou de alguma deficiência física. A Apas funciona em anexo ao prédio do Instituto de Educação Liberato Salzano Vieira da Cunha e as atividades são abertas à comunidade.