“Não temos nada contra a trabalho deles, e nós, o nosso”, Santa Casa. Eles seguirão o diz diretor do Banco de Sangue

Banco de sangue seguirá funcionando normalmente em Livramento e fornecendo material para clínicas e ambulatórios da cidade

“Sinceramente, não temos o que falar. Acho que da maneira como estão levando Livramento, tem que fechar a cidade. Nada mais é daqui. Iluminação não é daqui, coleta de lixo não é daqui, enfim. Não tenho nada contra a Santa Casa, que tem todo o direito de fazer contrato com quem quiser. Não tenho nada a falar sobre este caso, repito, mas quero que nós, de Livramento, lutemos por essa cidade. As pessoas daqui estão indo embora para outros pontos. Pessoas de mais alto nível intelectual estão indo embora. Tentaram afetar o Paulo Alves e quero apenas tranquilizar a comunidade. O Banco de Sangue irá seguir atendendo a comunidade, os outros hospitais e clínicas, e não deixaremos a cidade desprovida, tampouco os turistas que vêm todos os fins de semana para a cidade. Acho que as pessoas precisam pensar mais antes de tomar decisões. Estão brincando com Livramento, com tudo. Nós somos daqui, desta terra e vamos lutar por esta terra. Formei filho, especializei na hemoterapia, mas, simplesmente, não deixam trabalhar”.

 

A afirmação foi feita na tarde de ontem pelo médico Paulo Alves, proprietário do Laboratório Marques Alves, que pela primeira vez concedeu entrevista, depois do anúncio feito por parte da Santa Casa de Misericórdia de que o contrato entre a instituição e a empresa seria encerrado. Paulo Alves disse que é preciso deixar claro que não há absolutamente nada contra a decisão tomada pela Santa Casa. “Creio apenas que existe uma barreira que não deixa as pessoas que têm bons projetos para Livramento crescer. Temos que lutar por esta cidade. Não tenho nada contra a Santa Casa. Ela faz contratos com quem quiser, mas quero tranquilizar a população, pois vamos estar ao lado dela. São quarenta anos de banco de sangue e não há nenhuma reclamação de pacientes atendidos ou com relação aos nossos exames perante a justiça. É isso o que tenho a dizer, porque não tenho nada a comentar sobre a definição. Vamos seguir o nosso trabalho e a Santa Casa o dela”, frisou. Paulo Alves disse que foi ao Conselho Municipal de Saúde e nomeou o seu representante. “Fui em uma reunião e tive que virar a reunião, me exaltar, sair do sério para conseguir chamar a atenção da população. Então, a partir desta data, eu estive à frente. Eles vão custar a me liquidar. Enquanto eu tiver garra e força, isso não acontece, porque fizemos, por 48 anos, projetos em todos os bairros de Livramento e em assentamentos, ninguém mais fez isso. Essa marca é nossa. E desde essa data, eu fui para casa muito chateado, por entender que não poderíamos trair a população. Aqui todo mundo é igual. Assim, eu pedi para que o Norberto, nosso administrador, assumisse o comando das negociações”, afirmou.

Paulo Alves (e), proprietário do Laboratório Marques Alves, e Norberto Oliveira (d), administrador

Para o administrador Norberto Oliveira, que representou o Laboratório Marques Alves no Conselho Municipal de Saúde, a empresa tomou conhecimento de que o sangue seria fornecido para a Santa Casa através de um programa de rádio veiculado todos os sábados na RCC FM (Falando em Saúde), durante participação da então administradora do hospital, Ester Olsson. “Foi uma grande surpresa para todos nós, porque a doutora Ester disse, na mesma entrevista, que não existe Banco de Sangue em Livramento. Temos esse registro gravado, inclusive. Baseados nisso, fomos averiguar para saber o que estava acontecendo, uma vez que estávamos lá dentro e não sabíamos de nada. Procuramos o provedor da Santa Casa, o Secretário de Saúde e o Prefeito, e colocamos essa situação. O Conselho Municipal de Saúde chegou a criar uma comissão para avaliar essa questão, a pedido do provedor, e esse conselho emitiu um parecer favorável ao laboratório, com as justificativas, que só não foi votado por falta de quórum. Então, isso revela que não temos como entender isso, a não ser que a Santa Casa entendeu que o melhor é buscar sangue em Alegrete do que aqui, a uma quadra do hospital. Foi uma grande surpresa. Passamos a pensar em que nível está a saúde em Sant’Ana do Livramento. O Dr. Vieira deu uma declaração, que entendemos como denúncia, na época, e isso está em ata, de que a Drª Ester, quando esteve na Santa Casa, foi um braço armado da Secretaria de Saúde dentro do hospital, e que ela causou prejuízo com isso. Aí, vamos na reunião do Conselho, e vemos que o Secretário de Saúde, que denunciou algumas coisas no hospital, é membro da mesa. Então não se entende essas artimanhas”, afirmou Norberto Araújo. Para o administrador, a questão também está encerrada, uma vez que não houve o entendimento que levasse ao motivo do encerramento do contrato. “Não entendemos essa mediocridade que se transformou a saúde em Livramento. Nunca fomos chamados pelo gestor da Saúde para esclarecer o que está acontecendo. É essa a nossa indignação. Nunca tivemos envolvimento político, por exemplo. O que sabemos é que é uma opção da Santa Casa por trocar o fornecedor e não há obrigação de fazer isso com o Estado. O que nos surpreendeu foram os meandros que chegaram até o Conselho Municipal de Saúde”, disse Norberto.

 

 

Sem deixar de atender

Cidade não ficará desguarnecida, garante a direção do Laboratório

“Para mim, o assunto Santa Casa está encerrado. Nós temos que dar é tranquilidade para a população, ao dizer que o banco de sangue estará ao lado dela, fazendo projetos, atendendo os ambulatórios do SUS, hospitais e clínicas, e deixar que o tempo fale. Mas ressalto que temos que pensar por Livramento. Esta não é mais uma cidade de médio porte. Caso contrário, temos que fechar as portas, apagar a luz e ir embora. Não creio que esta tenha sido uma decisão política, não tenho partido e não sou político, mas sei que faço coisas nas vilas e bairros que eles não fazem. Vamos em lugares onde eles não vão e não deixamos ninguém de fora. Por isso, a comunidade está sempre aqui. Temos marca e, por isso, digo como falei para o Promotor de Justiça: no momento em que eles assumirem ali e faltar sangue, as pessoas não podem pensar que nós não estamos fornecendo. Nunca vamos deixar de atender as pessoas que precisam. Não podemos queimar essa imagem de mais de vinte anos de autuação na cidade. Não sei se é político ou não, se é sombra ou não, mas meu trabalho vai seguir sendo assim e gosto de trabalhar para ajudar os mais pobres, sempre”, desabafou Paulo Alves.

 

 

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