Gesto solidário

É relevante e plenamente justificada a preocupação do presidente do Conselho Municipal de Saúde em manifestar-se publicamente no sentido de esclarecer a questão da opção da Santa Casa de Misericória entre o Hemocentro de Alegrete e a empresa local que atua como banco de sangue, para o abastecimento da futura Agência Transfusional que vai dar suporte à UTI Tipo 2 do hospital. Em razão da polêmica que se instalou com relação ao assunto, corre-se o risco de registrar um comprometimento dos estoques de sangue em virtude de uma retração no número de doações. Isso não pode acontecer. A doação de sangue tem que continuar sendo um gesto humanitário, solidário, totalmente independente de questões político-administrativas, religiosas, enfim. É um gesto simples, mas tem um significado tão importante para a vida quanto qualquer milionária doação em dinheiro. Lamentavelmente, poucos são os que o praticam. A doação de sangue tanto pode ajudar a salvar vidas quanto contribuir para a melhoria da qualidade de vida do próprio doador. Ainda sim, é comum e frequente a veiculação de desesperados pedidos de doação de sangue em veículos de grande alcance popular. O que se nota é que talvez falte exatamente uma estratégia de coleta de sangue que facilite a doação. Estudos científicos demonstram que, se cada cidadão saudável doasse sangue pelo menos duas vezes por ano, não seriam necessárias campanhas emergenciais para coletas de reposição de estoques. Uma prática que está funcionando muito bem é a utilização das redes sociais na internet e via celular pedindo a doação de sangue. A criação de um cadastro com nome de doadores, número do telefone e tipo de sangue de cada um proporcionou uma forma mais ágil de mobilização de doadores de sangue nos momentos de desespero. Assim, cada vez que é necessário algum tipo específico de sangue, o cadastro localiza os doadores com aquele tipo e imediatamente eles recebem em seus aparelhos celulares uma mensagem solicitando a doação urgente. Simples, prático, eficaz. Por que não se criar formas semelhantes para uma coleta mais constante de um maior número de doadores, facilitando o rodízio e garantindo os estoques? Argumentos para convencer a população não faltam. As doações não devem ser feitas considerando-se apenas os desastres, as grandes catástrofes, os lamentáveis acidentes com familiares, amigos, conhecidos. É importante lembrar aos doadores e principalmente aqueles que nunca doaram sangue simplesmente por falta de uma oportunidade que aquela criança que apareceu na TV ou no jornal, que sofreu uma queimadura, por exemplo, talvez também esteja precisando de uma transfusão de sangue. E que hemofílicos são pacientes que precisam sempre de transfusão. Ou seja, o sangue doado hoje não fica guardado simplesmente esperando a necessidade num atendimento de emergência. A rotina de muitos seres humanos também implica essa necessidade, sem que se dê tanta divulgação para isso. Situações momentâneas como a da discussão sobre a escolha do parceiro para a Agência Transfusional da Santa Casa não pode, sob nenhuma hipótese, causar uma solução de continuidade nas doações.

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