“Brasileiro não sabe renegociar dívida”. Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian

AS DÍVIDAS DO CONSUMO

Cerca de 10 milhões de famílias já comprometem o seu orçamento com dívidas contraídas por um consumo que começa a ser classificado de exagerado. Isso significa que essas famílias estão no limite de seus gastos e que qualquer nova dívida poderá causar complicações na contabilidade doméstica.

A MB Associados, dirigida pelo economista José Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES no governo FHC, realizou um levantamento com base nos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (IBGE) e ao projetar o endividamento das famílias chegou ao preocupante resultado, onde há casos em que o comprometimento da renda chega a 50%.

Boa parte dessa dívida familiar concentra-se no consumo de eletrodomésticos e no do primeiro automóvel. E é aí que mora o perigo, por que o financiamento em 80 meses de um veículo zero quilômetro é um contrato de alto risco que a rede bancária conhece muito bem.

Os dados sobre inadimplência do crédito para a compra de veículos registrou recorde em abril. Segundo informações do Banco Central (BC) divulgados no final do mês de maio, o nível de 5,9% no descumprimento de obrigações financeiras pelos compradores de automóveis, em abril, é a maior da série histórica iniciada em 2000.

O economista Mendonça de Barros disse que “até recentemente, a expansão do consumo foi gigantesca porque havia o efeito da inclusão de novos consumidores no mercado e essas pessoas utilizaram o crédito e rapidamente preencheram seu espaço de endividamento”, mas neste momento, é impossível incorporar novas levas de consumidores.

“Ficar bombando o consumo – afirmou -vai resultar numa resposta cada vez menor do que antes. No fundo, teremos um segundo ano com crescimento entre 2,3% e 3% (em 2011, o PIB avançou 2,7%). Isso mostra que a economia mantém pesos atados às pernas. O peso do custo-Brasil, do excesso de tributos, de burocracia, agora de excessiva intervenção do governo. Os suspeitos de sempre. E o governo insiste em uma só direção.”

Resumindo, o economista entende que algumas vantagens oferecidas pelo governo federal ao mercado interno – mais crédito para a compra de bens de consumo, redução de alguns tributos – “é um tiro curto, com um favorzinho aqui, tira um imposto dali, mas nada com foco por que o país não fez as reformas estruturais”.

RENEGOCIAMOS MAL

“Brasileiro não sabe renegociar dívida. Quando procura o credor, acaba aceitando o que ele oferece. O devedor deveria ver o quanto pode pagar e sempre fazer uma contraproposta, pois, em primeiro lugar, é preciso ter a certeza se realmente interessa aceitar a proposta”. O dica é do economista da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida.

A RAINHA SE PAGA

Os festejos pela passagem dos 60 anos de reinado de Elizabeth II custam caro, mas os eventos se pagam pelo ingresso de divisas, especialmente pelo turismo e pelos cálculos da publicidade gratuita que a Coroa recebe no mundo inteiro.

O LUCRO

Somente a festa dos 60 anos que começou no sábado passado e vai até esta terça-feira já trouxe um lucro de R$ 2,9 bilhões (924 milhões de libras) para o turismo, conforme a empresa Brand Finance.

COMPARANDO

A Corte britânica com toda pompa e circunstância tem um custo bem mais baixo do que a corte brasiliense. Enquanto os súditos da rainha acreditam que a Inglaterra estaria bem pior se fosse uma república, por aqui já tem gente sonhando com uma monarquia. A nossa família real não gastaria tanto quanto a nossa família republicana.

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