Atenção para o detalhe

Não é de hoje que se reclama uma ação mais efetiva do Município para otimizar e agregar valor aos recursos e potencialidades naturais e históricas de Livramento. Já é um aspecto reconhecido inclusive por analistas de fora da cidade, pessoas que para cá vêm a trabalho ou passeio e que conseguem, mesmo que de relanceio, olhar um pouco do que é e do que pode ser esta fronteira. Muitas vezes, essas pessoas de fora da cidade conseguem acreditar mais e ver melhor os potenciais locais do que os próprios santanenses que aqui residem. Mas se existem na cidade muitos locais que a associam a nomes de destaque na história não só do Rio Grande do Sul, como também do Brasil e da América Latina como um todo, como por exemplo o general farroupilha David Canabarro, ao cantor Nelson Gonçalves, considerado a voz de ouro do Brasil, ao grande tradicionalista Paixão Cortez, fundador do Movimento Tradicionalista Gaúcho, um dos primeiros patrões do 35 CTG, na Capital do Estado, e que ainda serviu como modelo para a escultura do Laçador, símbolo do Rio Grande do Sul, e até mesmo ao escritor argentino José Hernandez, que aqui escreveu a primeira parte do épico gaúcho Martin Fierro, considerado a bíblia do gaúcho latino-americano, com seus mais de sete mil versos relatando os usos, costumes e principalmente definindo um perfil sócio-psicológico do povo gaúcho, também é importante admitir que Livramento tem graves e preocupantes problemas. Um deles, e que se torna crucial quando se analisa a questão turística, é o da segurança pública. O que se viu neste final de semana no entorno do Parque Internacional é uma evidência incontestável de que Livramento não dá a mínima importância para o turismo – e muito menos para os turistas, que chegam aos milhares e não tem a consciência de que se gastam em Rivera, provocam um pouco de ciúmes no lado brasileiro da fronteira. E, por causa disso, acabam sendo deixados praticamente à mercê da própria sorte, em vários aspectos: serviços básicos como orientações, estrutura para estacionamento, sanitários, enfim… E, infelizmente, também na área da segurança, pelo que se vê. Nenhum servidor público presente para no mínimo tentar controlar a ação de vândalos e muito menos de criminosos. Resultado: uma sucessão de arrombamentos e roubos em veículos de turistas, prejuízos para eles e, logicamente, para a imagem de Livramento e Rivera. Ou alguém espera que esses turistas chegarão em suas cidades lastimando a situação em que se encontram Livramento e Rivera e tentando convencer outras pessoas a visitarem a fronteira como forma de ajudar as duas cidades? A situação está posta, e é clara. Não adianta contar com uma longa relação com figuras ilustres da história, com vários eventos de grande porte, como a Campereada, a Semana Farroupilha, o Ovino e Vinho, a Paixão de Cristo, grandes torneios esportivos, o festival Martin Fierro, enfim, se não se conseguir oferecer o mínimo de garantia de segurança aos visitantes. Não adianta também dispor de amplas áreas verdes como o Parque Turístico do Batuva ou as várias alternativas em turismo rural e ecológico quando os eventuais consumidores continuarem correndo o risco de ter seus veículos abertos à força em pleno centro da cidade, em plena luz do dia, sem que ninguém veja nada ou que alguém tente ao menos impedir que isso acontece, através da simples presença ostensiva nas ruas de maior movimento. O sucesso de qualquer projeto turístico exige atenção a detalhes como esse: o de que o turista não tenha mais medo de passar pela fronteira.

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