Medida aumenta de 20% para 35% o IPI para aparelhos de ar condicionado

Enquanto no Brasil o aparelho mais barato custa R$ 950,00, em Rivera cai para R$ 615,00

Medida boa para alguns, mas que pode ser entendida como terrível para outros. Distante da realidade do centro do País, em muitos aspectos a Fronteira entre Sant’Ana do Livramento e Rivera se diferencia, inclusive, do restante da América do Sul, quando o tema trata de medidas econômicas que refletem tanto para um lado, quanto para o outro, talvez de forma mais sensível do que soaria em outras localidades. Se o dólar está alto, recuo nas vendas no lado uruguaio da linha. Se o dólar está baixo, invasão de turistas, principalmente brasileiros, que vêm atrás da oportunidade de comprar produtos importados por preços infinitamente menores do que os praticados no Brasil.

O governo brasileiro anunciou, na última quinta-feira, o aumento do IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados – para motocicletas, aparelhos de micro-ondas e ar condicionado. A medida deverá ter reflexo direto nas vendas, principalmente no que se refere aos aparelhos de ar condicionado vendidos do lado uruguaio que, em comparação com os mesmos produtos vendidos no Brasil, irão se tornar ainda mais baratos.

Desigualdade

Para o gerente da empresa Deltasul, La Hire, as vendas estão sendo perdidas para o lado uruguaio, em razão do preço menor. “Nosso cliente de carteira, esse vem sempre buscar aqui o aparelho de ar condicionado, pela facilidade de pagamento. Temos a garantia, a assistência técnica, que são nossas armas para fomentar as vendas. Mas sabemos que quem compra à vista vai para o lado uruguaio”, disse ele, sem esquecer que o aumento do dólar tem favorecido um pouco as vendas no Brasil. Para Nilo Munhoz, gerente de uma das mais tradicionais empresas do ramo de eletrodomésticos em Livramento, a empresa Augusto Leonel Fernandes, há a consciência que é preciso ter o produto na loja, apesar das diferenças de preços. “Nossa venda se concentra, quando falamos de ar condicionado, para empresas brasileiras que precisam de nota fiscal brasileira.

E esse é um produto que temos que ter na loja para aquele cliente que vem comprar mais no crediário. Para o cliente que vem comprar à vista, muitas vezes, temos que vender quase a preço de custo, para não ficarmos muito atrás dos free shops”, destacou.

Uruguai

Enquanto nas empresas instaladas do lado brasileiro da Fronteira o preço do ar condicionado é praticado entre R$ 950,00 e R$ 990,00, em Rivera, nos free shops, o preço médio fica em torno de R$ 615,00. A diferença atrai compradores que, mesmo necessitando declarar a compra do bem na Receita Federal, ainda consideram vantajosa a aquisição feita no Uruguai. “A procura tem sempre, e aqui vendemos aparelhos europeus”, disse Fabian Fuentes, vendedor no Siñeriz Free Shop. Para Ricardo Trindade, responsável pelo setor no Barão Free Shop, a tendência para as vendas, apesar de terem dado uma caída, é de jogar com os preços e fazer promoções. “Esperamos, agora, vender um pouco mais desses aparelhos”, disse.

Ontem, durante boa parte do dia, as imagens de compradores cruzando a Fronteira com os equipamentos não eram raras de ser flagradas.

No lado brasileiro, nas lojas pesquisadas pela reportagem, o preço médio do aparelho de ar condicionado de 9.000 b.t.u.s está em torno de R$ 950,00 e R$ 990,00

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vendas à prazo e para empresas brasileiras: para Nilo Munhoz, esta é a estratégia

 

 

 

 

 

 

 

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