Conversas nem tão republicanas

Vamos tentar por os pingos nos is.

Primeiro: houve um encontro, há pouco mais de um mês, no gabinete do ex-ministro Nelson Jobim, localizado próximo ao aeroporto de Brasília, entre o anfitrião, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

Isso é informação. Os três personagens confirmaram o encontro.

Segundo: qual foi o motivo da reunião?

A partir daqui, tudo são especulações e divergências: Gilmar Mendes garante que Lula sugeriu ser inoportuno julgar agora, em meio a um processo eleitoral, os denunciados no processo do “mensalão”. Lula, em nota de sua assessoria, diz que não aceita a versão publicada e Jobim informa que não foi bem assim como informou a imprensa.

Teriam, segundo ele, falado de questões institucionais, depois de uma rodada de amenidades. Tudo muito republicano.

Terceiro: Brasília é a chamada “ilha da fantasia”, e, há muito tempo, lá tudo é uma possibilidade.

Quarto: em plena recuperação de um câncer que o debilitou profundamente, Lula talvez tenha viajado a Brasília apenas por sentir saudades do ar úmido do poder.

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Falando abobrinhas e, como ele é corintiano de vestir a camiseta, o ex-presidente deve ter iniciado a conversa com provocações ao ministro Gilmar Mendes, um santista de fé, daqueles de ir ao estádio aplaudir Neymar.

Tite ou Muricy?

O ministro Jobim, admirador do pequeno Internacional de Santa Maria, sua terra natal, tratou de amenizar a conversa, quando os ânimos se exaltaram.

Outro assunto pode ter sido as preferências etílicas de cada um. Bebe-se bastante em Brasília. Todos os três gostam de rótulos nobres. Gilmar, por exemplo, opta por vinhos franceses, alemães e gaúchos ( neste caso, pinot noir). A Jobim, sempre agradaram bons uísques, como um Ballantines de pelo menos 12 anos.

Ah, sim. E charutos. Entre os apreciadores dos cubanos, as escolhas recaem sobre os tops de linha. Montecristo é coisa do passado. Cohiba e Partagás, com suas variações, são os mais indicados.

Lula gosta de cigarilhas, mas está proibido de fumá-las.

Mulheres? Outro assunto republicano, com certeza.

É tema sempre recorrente quando se trata de poder e sexo. A musa da hora é Andressa Mendonça, atual companheira de Carlinhos Cachoeira, uma vistosa loira que foi esposa de Wilder Morais, que vem a ser o suplente de Demóstenes Gonzáles. E que até tem chance de assumir, claro.

Talvez quem mais tenha silenciado, nesse encontro tão estranho, seja o presidente Lula. Está com inevitáveis restrições médicas e falar sobre cachaças, cigarilhas e mulheres deve trazer-lhe belas lembranças. Mas longe de seu alcance neste momento.

Então, como se especulou, é possível que ele tenha se reportado apenas a questões republicanas:

- E o mensalão, hein? O José Dirceu está desesperado.

 

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