Resgatando uma ideia

Finda maio com as primeiras possibilidades de coligações começando a firmar-se. Afinal, as convenções partidárias deverão ocorrer ao longo de junho. Dia 7 de outubro – e parece uma data tão distante, mas vale observar que meio ano já, praticamente, está sendo concluído (de junho a outubro, cinco meses) – é a data para cumprir com uma obrigação cívica e, ao mesmo tempo, com a função cidadã: comparecer às urnas e escolher aqueles que deverão legislar, fiscalizar e fazer cumprir as legislações, bem como o mandatário e equipe de governo para aplicar leis, gerar possibilidades de desenvolvimento, retribuir em serviços os tributos pagos pelos cidadãos, entre outras funções.

Os partidos, em âmbito local, buscam arregimentar seus filiados com foco nas convenções. E também estão de olho na cidadania. Claro que, em muitas situações, poderão pagar o ônus do que a opinião pública considera inadmissível e está ocorrendo em Brasília; mas é preciso deixar claro que não pode existir qualquer tipo de generalização.

No cenário nacional, as notícias de roubos, falcatruas, rolos, corrupções, corruptos e corruptores, mau uso do dinheiro público, incompetência, má fé, entre uma série de outras características completamente negativas incitam a população a acreditar que existe apenas a má política.

Entretanto, é preciso lembrar que cada eleição é uma oportunidade de separar o joio do trigo, da mesma forma que é uma ocasião em que se pode resgatar a honestidade ou, pelo menos, parte dela. Afinal de contas, é óbvio que não é a totalidade da política pública que é corrupta ou corruptora. Nem todos os agentes públicos são desonestos.

A política está infestada, é fato. Mas isso não significa que o cidadão deva se omitir, deixar que a infestação se torne completa a ponto de chegar ao irreversível. A cada espaço vago deixado por um cidadão de bem, cresce a má política. A cada omissão do homem e da mulher que dizem não se importar e detestar política, vibram os maus agentes, brindando com champanha francesa e fumando charutos cubanos legítimos, acesos com notas de US$ 100; tudo comprado com dinheiro público. Vibram esses corruptos corruptores, pois não têm quem lhes tolha o poder.

Talvez, do que é visto no cenário nacional seja possível concluir que, cobrando e vigilante, o cidadão possa reduzir as incidências nos locais onde vive. Talvez seja preciso deixar claro que são as pessoas que fazem os partidos em cada local onde estão e o fato de haver um corrupto em um partido não significa que todos seus integrantes o são. Óbvio que não.

Talvez seja preciso pensar que em pensando e dizendo que todos são iguais, permaneça a igualdade, ao passo que perceber que há diferentes em uma mesma agremiação política, possa significar o começo de um movimento de limpeza que resultará, no longo prazo, em uma chegada à capital federal.

É um trabalho titânico, sem dúvidas, mas necessário, pois a democracia não merece tamanha desconsideração. Jovem como é no Brasil, a essência democrática não merece ser infestada de todo e dominada pelos maus políticos. Que a chama da civilidade incendeie os charutos caros fumados por bocas corruptas.

Que o vento da decência quebre as taças de cristal, arrancando-as das mãos que se locupletam do dinheiro da população. Que a firmeza da honestidade seja a afronta maior para fazer sucumbir os inimigos da legitimidade.

Por fim, isso somente se conseguirá se os decentes deste País unirem esforços em torno de armas eficazes.

A primeira delas, com plena convicção, é o voto.

A segunda é a percepção de que tudo começa no local onde se vive.

Ou seja, não existe uma escala de cima para baixo. Existe o papel de cada um. E, a política, quando bem feita, é o exercício desse papel.

 

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