Construtora Delta

A Delta Construtora é a maior empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com obras públicas estimadas em 4 bilhões de reais, acusada de envolvimento em corrupção e tendo como referências o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o Senador Demóstenes Torres. Para complicar mais a situação e com certeza prejudicar as investigações que estão sendo realizadas se noticia que a empresa controladora da JBS, processadora de carne bovina, das maiores do mundo, sem qualquer vínculo com o setor da construção, passará a dirigir a Delta. Diante de tal fato a pergunta que todos fazem é qual a relação entre a Delta e a JBS? Tudo indica que a identidade vem de Goiás. O Presidente da JBS é um goiano cogitado para ser candidato a Governador em 2014. Cachoeira também é de Goiás. O Presidente do Conselho da JBS é Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, também goiano. Mais incrível, é a JBS ter como acionista e financiador o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, BNDES, controlado pelo Governo Federal. Portanto, diante da inevitabilidade da empresa ser investigada pela CPI, estarão expostas as relações do Governo Federal com as grandes empresas e os políticos da situação e oposição que mantiveram algum tipo de interesse com a empresa: os financiamentos concedidos, inclusive para a nova firma dirigente, os contratos do PAC, as obras para a Copa do Mundo e Olimpíadas e até avenças com a Petrobras. É uma dimensão que pode não ter fim. É muita coisa e o “odor que exala” é muito ruim. Após esta situação ter sido escancarada publicamente, nos últimos dias tem se falado que a empresa mencionada será declarada “inidônea” pela União, faculdade que permitiria ao Governo Federal, unilateralmente suspender as obras contratadas e eventualmente manter a Delta apenas nas obras em fase final de construção. Pouco provável, porque a empresa com compromissos milionários não terá como sobreviver com estas limitações. O mais factível é que se estabeleça uma batalha jurídica, que também poderá prejudicar a apuração da verdade. A CPI está evidenciando na realidade um campo de confronto. De um lado, os parlamentares que desejam atacar a Procuradoria da República, a imprensa e integrantes da oposição a partir da figura de Demóstenes Torres. De outro, querem aprofundar as investigações sobre a construtora Delta e as ligações de Carlinhos Cachoeira com o poder. O pano de fundo não é, nem será o da ética ou do combate à corrupção. Como fazer, se Collor de Mello está se arvorando como um dos baluartes do processo? A dinâmica, portanto, tem sido a tentativa constante de mudança da pauta para um lado ou outro. Na verdade, o Governo, os parlamentares e a sociedade precisam esclarecer até onde o crime organizado chegou no espaço público e qual a dimensão dos vínculos do Cachoeira com os mandatários políticos. O mais importante é saber quanto cada um foi beneficiado. A partir daí responsabilizar os culpados com exemplaridade. Na realidade já se sabe das irregularidades e desvios de verbas públicas. São muitos e não há punição ou reparação para fazer retornar aos cofres públicos tanta dinheirama. Também é conhecido que mais de duzentos contratos de obras serão atingidos no seu andamento e o prejuízo maior será da população. Igualmente, 30 mil empregos de trabalhadores que nada tem a ver com os desmandos e ilegalidades vão ser atingidos nos seu sagrado direito de prover suas famílias. Tudo isto para reafirmar a necessidade de levarmos adiante as investigações.

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