Secretaria Municipal de Assistência Social inicia novo projeto este mês

Projeto deve ser executado a partir do próximo dia 28 de maio pelos representantes da pasta

LEONARDO SILVEIRA

Mary Rosélia, coordenadora do CRAS, e Luiz Mario Goulart, Secretário de Assistência Social

A questão dos moradores de rua, não só na cidade, mas em todos os lugares do Estado e até do País, possui vários fatores, entre eles o social, o habitacional e a saúde. Desta maneira, Mary Rosélia Barcellos de Souza, coordenadora do CRAS – Centro de Referência Especial de Assistência Social, definiu a questão que abrange a situação dos moradores de rua em nossa cidade. Para ela, vários fatores, que envolvem principalmente as famílias destas pessoas, fazem com que as mesmas optem por continuar vivendo na rua. “Todas as pessoas que estão na rua, hoje, em Sant’Ana do Livramento, têm família e residência. Independente das condições das moradias, elas são pessoas de famílias santanenses. Com exceção, é claro, de algumas pessoas que são deixadas aqui na cidade, trazidas de outros lugares, muitas vezes de carona, ou ainda aqueles casos de pessoas que vieram para a cidade em busca de oportunidades de trabalho, alimentados pela ilusão de que o movimento de turistas pudesse aumentar as possibilidades de recolocação, mesmo que de maneira informal, no mercado de trabalho”, destaca inicialmente Mary Rosélia. Muitas destas pessoas, em decorrência da dependência química ou mesmo do álcool, acabam não voltando para casa.

 

Ações de inverno

Durante o inverno, a Secretaria Municipal de Assistência Social realiza rondas noturnas para a distribuição de alimentos e cobertores. Este ano, esta atividade está com previsão de início para o dia 28 de maio, ato no qual estará inserida a atividade da Assistente Social que deve acompanhar as atividades do Cras pelas ruas da cidade. “A busca maior é pela reinserção destas pessoas em suas famílias. Em alguns casos, obtemos sucesso. Fazemos também o encaminhamento de documentação – porque alguns não têm sequer documentos -, encaminhamento para asilos, quando for necessário e, em último caso, o envio destas pessoas de volta às suas cidades de origem, quando é identificado e comprovado que elas possuem famílias nesses locais”, destaca a psicóloga Eden Sara Bjoski.

Alimentação

A coordenadora foi questionada a respeito dos serviços oferecidos a estas pessoas no refeitório público municipal. Ela destacou a quantidade considerável de refeições que são servidas para os moradores de ruas e pessoas carentes que se dirigem ao local para fazer, muitas vezes, a única refeição do dia. “Atualmente, o refeitório público municipal serve em média 178 refeições por dia, somente no horário do almoço, único horário de trabalho do local durante o dia. Para muitas pessoas, esta é a única alimentação que vão consumir no dia”, completa.

Uruguaios

Uma outra questão levantada pelo Secretário Municipal de Assistência Social do município, Luiz Mario Goulart, é referente à quantidade considerável de uruguaios que peranbulam pelas ruas do centro da cidade. Para ele, essas pessoas que passam o dia aqui na cidade, muitas vezes no fim do dia não retornam às suas cidades de origem, no caso Rivera, e passam a noite pelas ruas da cidade. “Alguns deles até almoçam no refeitório público ou mesmo compram lanches com o dinheiro que ganham dos motoristas no centro da cidade. Então, eles engrossam os números de pessoas que temos nas ruas de nossa cidade”, destaca.

Família de rua

Existe um caso recente, que o Cras está acompanhando junto à Oficina de Assuntos Binacionais, que é o de um grupo de cinco pessoas da mesma família que dividem-se entre as ruas Rivadávia Corrêa e rua dos Andradas, todos com problemas mentais e com álcool, e também o caso de um idoso que diariamente está tomando chimarrão e gritando pelas ruas da cidade. Ele, inclusive, recebe benefício no Uruguai, porém costuma utilizar os serviços do refeitório público municipal. “Ele é residente no bairro Cuaró, mas passa dias e noites pelas ruas de Livramento”, destaca Rosélia.

Recadastramento

A secretaria da pasta pretende, já a partir do dia 28 de maio, começar um recadastramento das pessoas que vivem nas ruas, em nossa cidade. “Vamos realizar esta atividade à noite, a fim de saber quem são essas pessoas, de onde vêm, onde estão seus familiares. É muito comum encontrar pessoas de cidades que ficam na volta de Livramento, principalmente cidades que não possuem refeitórios públicos, como Quaraí, Dom Pedrito e Rosário do Sul. O cara está na cidade dele, é morador de rua e, de repente, nota que o fluxo de turistas é muito grande aqui na cidade, ele acaba encontrando uma maneira de vir para Livramento, com a intenção de, principalmente, cuidar carros na rua durante o dia e dormir sobre fachadas e marquises à noite”, afirma Luis Mario.

Número pequeno

No ano passado, havia somente 10 moradores de rua cadastrados pela referida secretaria na cidade. “Desses 10, um era uruguaio, outro de origem desconhecida e os outros todos tinham familiares e casas na cidade. Eles estão na rua por opção, e para isso não podemos fazer nada. Esse morador, legalmente, não está infringindo nenhuma lei. O rompimento de vínculo faz com que a família acabe por desistir dele, principalmente pelas drogas, pois estas pessoas voltam para casa somente para realizar pequenos furtos para manter o vício”, completa. Essa questão engloba a Secretaria Municipal de Assistência Social, a Prefeitura Municipal, Poder Judiciário e outros indiretamente.

“Não podemos obrigar as pessoas a sair das ruas, podemos oferecer alimentos, cobertas e orientação, mas nada é feito contra a vontade das delas”

Luiz Mario Goulart – Sec. Assistência Social

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