CPI ou apenas mais uma novela ?

Começou esta semana mais uma CPI. Ou mais uma novela brasileira, tanto faz. Nos dois casos, sabe-se antecipadamente como elas iniciam e não se tem ideia alguma sobre como vão terminar.

A única informação expressiva que surgiu até agora foi revelada por um interlocutor de Carlos Augusto Ramos, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, figura central e objeto desta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional: ele deu boas gargalhadas ao saber dos nomes dos integrantes da CPMI. E perguntou: mas o que é que eles vão perguntar?

Talvez por isso tem-se anunciado que Carlinhos Cachoeira vai silenciar em seu depoimento. Com essa tática da defesa, além de preservar-se, ele não constrangeria seus interlocutores…

Falando sério: a CPMI, se assim o quisesse, teria muito que investigar. Não lembro de alguém que tenha conseguido, em tão pouco tempo, estender seu poder de ação a tantas figuras públicas e a tantos poderes como ocorreu com esse jovem senhor de Goiânia. E quem tinha idéia da capacidade empresarial da construtora Delta, dona da maior fatia de recursos das obras do PAC?

Fosse séria, poderíamos conhecer melhor o nível verdadeiro das relações entre empresários, partidos políticos e governantes do país.

Seja o que for, CPMI ou novela, começou mal.

Sessão secreta para ouvir um delegado da Polícia Federal responsável pela Operação Vegas, que investigou o bicheiro?

O argumento da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) para assinar o pedido foi este: evitar que os investigados possam preparar suas defesas baseados nos depoimentos dos delegados e procuradores que os investigam.

Ainda bem que o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) alertou:

- Quero avisar ao delegado que vai vazar tudo.

E foi o que ocorreu. O delegado ainda estava a depor na noite de terça-feira e já o noticiário informava detalhes do que ele havia dito.

A Comissão de Ética do Senado, nesse mesmo dia, decidiu abrir investigação sobre as trapalhadas do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e sua subserviência ao bicheiro.

Apesar do espírito corporativo do Congresso e de todas as manobras que possam promover seus competentes defensores, protelando o processo, só por um milagre ele não vai ter cassado o mandato.

E perdendo sua condição de senador, Demóstenes Torres será substituído pelo suplente, Wilder Morais, que vem a ser o ex-marido da atual mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, uma belíssima loira de 27 anos, dona de uma franquia de lingeries francesas num shopping de Goiânia.

Ela é desde já chamada de musa da CPI: vai estar no plenário no dia em que Cachoeira depuser, vai ser muito fotografada e foi, antecipadamente, convidada a posar nua pela Playboy mas recusou:

- Não vou dar esse gostinho, não. Deixo só para o Cachoeira. – disse ela.

Convenhamos, caro leitor: isso é CPMI ou telenovela?

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