Um dia diferente

Ontem, convictamente, foi um dia diferente em Livramento. Para aqueles que mantêm constância na crítica de que “nada acontece” na cidade, é preciso fazer um alerta: as transformações, independente das vontades (positivas ou negativas) ocorrem. Trata-se de uma lógica.

Se, ao mesmo tempo, isso é fato e em muitos segmentos é possível perceber que é, e comprovado; por outro, fica evidente que há vital necessidade de mudar os conceitos existentes na cultura coletiva. Por si só e, historicamente, o fronteiro é um ente individualista. Isso está arraigado e provém, talvez, da época dos gaúchos atávicos, solitários pela imensidão da pampa, pastores sentinelas – para citar Jayme Caetano Braun -, andarilhos, guerreiros, defensores de limites que governos centrais impunham. Desconfiados porque a vida forjou-os assim, peleadores, diferenciados.

Nada que seja pejorativo, historicamente falando, ou mesmo, desprovido de glória. Louvável, até.

Mas…

Para aquela época.

Uma assertiva dos diretores do Grupo Villela – consultores e auditores – que estiveram em Livramento, chamou a atenção para algo já sabido e recorrente no Rio Grande do Sul: o individualismo do gaúcho é um dos fatores prejudiciais para o desenvolvimento. Fica evidente que trata-se de um dos elementos que constituem os entraves, pois enquanto brasileiros de outros estados buscam congregar, associar, cooperar, solidarizar-se uns com os outros, sem se importar com o poder de mando; mas com os resultados – a maioria dos gaúchos ainda pensa em formalizar sua presença de poder, mediante a detenção do comando. Não que não exista aptidão para comandar, mas esse não pode ser o preceito fundamental ou único para a constituição das parcerias.

Fica evidente que é um elemento diretamente associado ao conceito, ao intangível, ao pensamento, à forma de raciocinar do habitante do Rio Grande do Sul. Impacta diretamente nas decisões e atitudes e, em nível de Fronteira, é possível pensar que tal característica constitui-se em um agravante para atrasar o processo desenvolvimentista, reduzindo a velocidade com que possa ser constituído.

Poder (do latim potere) é, literalmente, segundo o mais rudimentar conceito encontrável nos dicionários, o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força.

Já no que tange a sociologia, ressalta a definição de poder, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Existem, dentro do contexto sociológico, diversos tipos de poder: o poder social (de Estado); o poder econômico (poder Empresarial); o poder militar (poder político); entre outros. Foram importantes para o desenvolvimento da atual concepção de poder os trabalhos de Michel Foucault, Max Weber, Pierre Bourdieu.

Dentre as principais teorias sociológicas relacionadas ao poder pode-se destacar a teoria dos jogos, o feminismo, o machismo, o campo simbólico, o especismo e muitos outros que se desenvolverão.

Sucesso, entretanto, não é o resultado do exercício do poder em uma economia e sociedade mutáveis. É o entendimento aceitável entre a maioria dos pensadores modernos, os quais, entretanto, mesmo não fechando questão, evidenciam que o associativismo também é uma forma de poder, como outras, desde que não vinculado e dependente essencialmente de uma ou um pequeno grupo.

É preciso entender isso e assimilar, para que os dias sejam diferentes para todos, positivamente.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.