Vereador afirma que vai à Justiça tentar reverter resultado da votação das Contas

Presidente Marcírio Silva

O Partido Democrático Trabalhista (PDT) divulgou uma Nota à Imprensa, assinada pelo presidente da Executiva Municipal, advogado Marcírio Silva, condenando a ausência do vereador Bernardo Fontoura na sessão da última quarta-feira, quando foram apreciadas as Contas do Executivo Municipal referentes a 2006 e 2007, bem como parecer do Tribunal de Contas do Estado.

Utilizando um tom forte, que desagradou o legislador, o documento repercutiu como elemento da questão que vem se prolongando há vários meses, desde que a matéria ingressou no Legislativo – e provavelmente só tenha desfecho em âmbito judiciário.

Respondendo à nota, o parlamentar Bernardo Fontoura disse que ele próprio ingressará com ação judicial visando anular o processo prévio à votação, admitindo ter ficado chateado, mas informando que já havia conversado com Marcírio Silva a respeito da questão e destacando que não haverá abalos, seja no desempenho de seu mandato pelo partido, na relação intra-partidária ou na coligação com o governo municipal.

O documento

“PDT de Sant’Ana do Livramento, entristecido, lamenta o comportamento tido por seu vereador Bernardo Fontoura, que muito embora tivesse conhecimento formal da decisão partidária de que deveria votar alinhado com o vereador Sérgio Moreira, no sentido de rejeitar o parecer da comissão de Finanças da Câmara Municipal, no processo de apreciação das contas do Executivo Municipal referentes ao Exercício de 2007, e sabendo que o mesmo iria à votação no dia de ontem, não compareceu, causando um constrangimento ao Partido, tentando com isso comprometer as relações internas na Coligação que sustenta nosso Governo Municipal, destoando da índole do PDT, caracterizada pela integridade e fidelidade nas relações com os demais partidos aliados” – escreveu Marcírio Silva.

Vereador Bernardo Fontoura

Mais adiante, no documento, o PDT lamenta e reprova publicamente a atitude do vereador, qualificando-a como omissão. “Quando a sigla do PDT lhe estendeu a mão no momento em que pelos demais foi escurraçado exatamente por esse tipo de comportamento – tinha ele sido advertido de que deveria trabalhar alinhado com o partido, acreditando-se naquele então em sua recuperação e reciclagem política. Lamentavelmente, foi um grande erro de avaliação. Talvez seja por esse comportamento personalista e individualista do vereador que outras siglas não tenham lhe dado abrigo” – afirmou Silva na nota.

Ainda de acordo com o texto, o presidente pedetista disse que o partido esperava que o parlamentar refletisse mais uma vez suas atitudes e comportamento, “para que possa finalmente alinhar-se ao trabalho sério e coletivo, voltado para os reais interesses comunitários, que vem sendo desenvolvido pelo PDT em conjunto com os partidos que integram a nossa coligação, em prol de todo o povo santanense”. Concluindo o documento, datado de 3 de maio, o PDT formalizou suas desculpas aos partidos que compõem a coligação pelo episódio, qualificando este como lamentável.

ENTREVISTA

A Plateia – Qual sua opinião sobre o documento divulgado pelo presidente da Executiva Municipal do PDT?
Bernardo Fontoura - Esse processo chegou na Câmara no dia 17 de novembro do ano passado. Já era para ter sido votado há muito tempo. Fui criticado por ter retirado o quórum, o que é regimental, está previsto no Regimento Interno da Câmara, pode ser feito por qualquer um dos parlamentares. E isto realmente aconteceu, porque não tinha os sete para aprovar o projeto. Pediram-me para retirar o quórum e consenti, mas apareceu apenas o nome do Bernardo. Dos demais que retiraram o quórum comigo, não apareceram os nomes. Isso ocorreu duas vezes, se não me engano. Para minha surpresa, foi à votação na quarta-feira e resolveram não retirar o quórum. O meu voto seria de acordo com o partido, que havia feito uma reunião e fechado questão: na reunião da Executiva Municipal, constando em ata, que deveria haver o alinhamento. Havia conversado no sábado anterior, pela manhã, com o Prefeito Municipal e também com o secretário Sergio Aragon.

A Plateia – Então, o senhor seria o sétimo voto que o governo necessitava?
Bernardo Fontoura – Sim, eu votaria contra o parecer do Tribunal de Contas, porque isso vem acontecendo. Tenho entendimento do seguinte: se não existe má fé… está bem. O Tribunal de Contas anota tudo. Como já fui presidente da Câmara por duas vezes, já respondi por várias anotações do Tribunal de Contas, tenho esse entendimento. Já fui gestor, e qualquer detalhe eles anotam e tu vais te defender, mesmo que, depois, na defesa, aquilo tenha gerado em vez de despesa, economia. A posição do partido era essa e eu votaria a favor. Estive conversando com o Marcírio, porque não gostei de algumas colocações da nota. Entendo perfeitamente a posição do partido PDT, mas não concordo com algumas coisas que foram colocadas e falei isso para ele. Não concordo: sobre personalista, sobre pensar em mim. Sinceramente… escurraçado por outros partidos? Na realidade, isso nunca aconteceu. Recentemente, o PSDB tentou me expulsar porque, na realidade, estavam achando lá que estava indo para outro partido e eu estava tentando ajudar. Quando me ligaram estava, justamente, com outro membro da executiva do partido, filiando gente para o PSDB e no domingo anterior à segunda que me refiro, fizeram uma reunião… Bom, mas sobre esse assunto, não quero falar muito, pois são favas passadas. Consegui uma vitória no Tribunal Regional Eleitoral por 7 votos a zero e estou com meu mandato. Fiquei chateado e falei isso para o presidente Marcírio. Fiquei chateado com toda a situação, pois eu ia votar a favor, já tinha alinhado isso com o Executivo Municipal. Não teria problema nenhum. O que me pegou de surpresa e fiquei chateado é que não foi retirado o quórum nesse dia, pois poderiam ter feito isso, seria regimental, assim como retirei em alguns momentos. Não concordo de maneira nenhuma, nunca fui escurraçado de partido. Recebi vários convites.

A Plateia – Por que o senhor não foi à sessão?
Bernardo Fontoura - Problema de saúde. E muito sério. Graças a Deus, a pessoa da minha família já teve alta. Tinha compromissos, mas o principal foi que me envolvi desde o meio-dia. Eu não estava em viagem. Não pedi licença para viajar.

A Plateia – A nota abala sua relação com o PDT ou com o presidente do partido?
Bernardo Fontoura – Não, muito pelo contrário. Sinceramente. Com várias coisas que tem acontecido aí eu não tenho espaço para estar guardando esse tipo de mágoa ou outro tipo de sentimento. Digo isso de coração. Não desejo mal para ninguém.

Eu vou ingressar na Justiça. Esse processo não transcorreu normalmente dentro da Câmara. Há 30 dias, fui na tribuna e pedi uma cópia. Todas as proposições, antes da votação, devem ter enviadas cópias para os vereadores. Eu não tenho. Eu não sabia nem que estava na Câmara o Exercício 2006. Não recebi, como vou votar se não recebi cópia da proposição? Vou ingressar judicialmente, porque não estou satisfeito com a maneira como aconteceu toda essa situação. Entendo que tenho que fazer isso.

A nota está aí e fico muito chateado quando ela fala a meu respeito. Não concordo com o que diz a meu respeito. Entendo que o PDT tem que continuar a coligação com o grupo que está compondo o governo.

 

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.