Dona de casa aguarda há cinco meses por atendimento com traumatologista

Mulher de 51 anos sofre de rejeição em prótese colocada no quadril e precisa passar por nova cirurgia

Dona de casa está há cinco meses acamada devido a problema no quadril

Não é novidade para ninguém que a oferta de assistência à saúde em todo o País é precária, principalmente quando falamos em Sistema Único de Saúde – SUS. Porém, dia após dia, a comunidade se depara com situações cada vez mais alarmantes, como é o caso da dona de casa Suzana Gonçalvez Ocanha, 51 anos, que aguarda desde dezembro por um encaminhamento a um especialista que resolva seu caso.

O início

Tudo começou em 2008, quando Suzana Ocanha, vitimada por um acidente automobilístico, machucou a perna e foi encaminhada para um traumatologista, na cidade de Rio Grande, através da Secretaria Municipal de Saúde de Sant’Ana do Livramento. Na zona Sul do Estado, ela realizou a primeira cirurgia, onde recebeu uma prótese no quadril, devido à gravidade do caso. Quinze dias após a cirurgia, a prótese colocada foi luxada (parcialmente quebrada), o que acarreta, desde então, a necessidade de fazer uma nova operação para a substituição do implante. Dias após a volta para Livramento, ela foi acometida por uma infecção no local da cirurgia e imediatamente visitou um traumatologista local, que diagnosticou a rejeição da prótese. Como em Sant’Ana do Livramento não há subsídios suficientes para este tipo de tratamento, Suzana Ocanha foi novamente encaminhada para a cidade de Rio Grande, munida de uma carta redigida pelo médico santanense explicando sua versão sobre o caso. O médico de Rio Grande, por sua vez, receitou antibióticos para a paciente, o que não surtiu efeito, agravando ainda mais a situação da dona de casa. Em agosto de 2011, foi agendada uma nova cirurgia, dessa vez para a retirada da prótese. Internada novamente no hospital de Rio Grande, a paciente foi submetida a nova cirurgia. Quando acordou, pensando ter seu problema resolvido, ouviu do médico que a prótese não havia sido retirada, apenas verificada e limpa, pois, segundo ele, não havia necessidade de retirar a mesma. Mas a saga não acaba por aí. Suzana voltou em dezembro ao hospital de Rio Grande, da mesma maneira que nos meses anteriores, com a perna infeccionada e sentindo fortes dores, que a impedem de andar ou simplesmente manter-se em pé. Sem receber ajuda eficaz do médico daquela cidade – que marcou nova consulta somente para fevereiro deste ano, – ela decidiu pedir transferência para outra cidade, onde houvesse outro profissional que pudesse ajudá-la. Depois de declarar seu problema junto à Secretaria Municipal de Saúde de Livramento, Suzana Ocanha aguarda há cinco meses pelo atendimento que não chega.

Auxílio

De acordo com sua filha, Débora Ocanha, o SUS, através da Secretaria Municipal de Saúde, presta todo auxílio necessário à mãe, pois disponibilizou uma enfermeira que realiza os curativos, fornece os remédios necessários e sempre garantiu o transporte para Rio Grande. “A única coisa que a Secretaria não nos concede é a consulta da minha mãe a outro médico”, declara a jovem.

Contraponto

Procurado pela reportagem de A Plateia, o Secretário Municipal de Saúde de Sant’Ana do Livramento, Valmir Silveira, declarou que conhece o caso de Suzana Ocanha e afirmou que já fez tudo o que estava em suas mãos para resolver a situação. “Já fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, encaminhamos a documentação dela, inclusive com fotos que ilustram o caso. Agora, é competência do Estado designar esta senhora para um hospital onde haja o atendimento que ela necessita. O problema é que, por enquanto, o único local disponível para atendimentos de alta complexidade, como é o caso dela, é justamente em Rio Grande, onde ela não quer mais ser atendida”, disse o Secretário. Valmir ainda afirma que o caso da dona de casa santanense não é isolado. Assim como ela, outras pessoas enfrentam fila para atendimento, o que comprova pelo menos uma das mais severas deficiências apresentadas pelo Sistema Único de Saúde. O programa é elogiado por líderes de diversas nações, como Barack Obama, cuja intenção é promover, nos EUA, o mesmo modelo, mas que, na prática, muitas vezes não funciona.

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