Do tempo antigo

Houve tempo em que plantar uma horta era coisa para os mais avançados na idade. Plantar um pomar de frutíferas era para quem gostava de frutas. Eram coisas de um tempo em que se trocava frutas com os vizinhos, também se vendia. Tanto legumes, hortaliças, folhosas. Tempo em que as pessoas gostavam de plantar o que iam comer, da mesma forma que faziam questão de ter, em casa, um galinheiro ou um chiqueiro. Claro que não está se comparando aqui a questão de tecnologia ou mesmo de sanidade e saúde. Eram tempos mais rudes, de conhecimentos menos apurados.

Mas, tempos em que as lições eram passadas de pais para filhos. Como virar terra. Como podar uma parreira. Época de plantar mogango. Diziam, aliás, mogango com leite pode fazer mal… Orientavam sobre como a insolação e a umidade poderiam gerar melhorias ou prejuízos em determinadas plantas. Os limões eram saborosos, as limas, as laranjas, as peras, pêssegos, figos, melões, as abóboras, os moranguinhos. Alface tenra.

O problema é que isso perdeu-se em algum momento. Não houve sequência de ensinamento. As pessoas cruzam os braços e esperam. Claro, acaba sendo mais fácil esperar uma decisão do governo e cadastrar em algum problema do que pegar na enxada e na pá, levando algumas sementes ou mudas para o fundo do terreno. “Capaz! Dá trabalho”…

Melhor ficar na frente de casa, tomando um mate em pleno sol de 4 horas da tarde. O dinheiro virá. De algum lugar, virá.

Pensar em comer frutas e verduras, só no mercado, quando seja o dia de cobrar o benefício…

A fruticultura representa um importante e significativo setor que pode, aliado a outros – como a horticultura – ser um carro chefe na mudança tão almejada para a economia de Sant’Ana do Livramento. Claro, é preciso aprender essa lógica e aceitá-la como verdadeira, a fim de estimular iniciativas nesses segmentos. Se por um lado é inadmissível que se permita a perda de produção de frutas, caindo dos pés e apodrecendo no chão pela falta de dinheiro para contratar gente para colher; por outro, é uma saída o associativismo entre as pessoas, visando o crescimento conjunto.

No aspecto empresarial, é possível investir e o setor também aponta um caminho para quem deseja recursos visando investir em seu negócio. Óbvio, a crise é intensa, sua força arrocha as pessoas, rouba-lhes a autoestima, a vontade, provoca as mais diversas situações negativas. Mas é preciso compreender que uma coisa é a crise econômica, instituída a partir da não-geração de postos de trabalho; outra, é a crise íntima. Uma é pior do que a outra e a última, por derradeira, é responsável pela primeira, pois entrava a vontade, o querer, o acreditar, o sonhar. As dificuldades em absolutamente todos os segmentos, são conhecidas e, mais do que isso, propaladas; o negativismo é um instituto, um ente que paira sobre a realidade local. Mas, é preciso fazer algo para provocar a derrocadas das duas crises, do contrário, é a rendição.

Iniciativas são plausíveis e possíveis. É preciso entender que elas dependem especialmente do pensamento e, via de regra, este empurra a atitude, a qual, decisivamente gera a ação.

Nesta linha de raciocínio, como o diabo não é tão feio quanto os arautos do apocalipse enfocam, como diz o ditado, há que se reconhecer as dificuldades, mas jamais permitir que ela subordine. Sempre é possível fazer alguma coisa. Vale a pena pensar nisso e, talvez, com o pensamento – primeiro dos grandes entraves – sendo modificado, olhando para a fruticultura, para a horticultura, para as iniciativas de pequeno porte, com outros olhos, seja possível debelar todo o estado de coisas atual, pois finalmente Sant’Ana terá entendido que é possível sair da crise.

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